Começo esse post com uma opinião, mesmo essa não sendo uma das opções formais de se iniciar algo do tipo: Kanye West é um gênio musical. E boa parte dos bons entendedores não só da cultura hip-hop mas como apreciadores de uma boa música compartilham deste mesmo pensamento. Depois de cinco álbuns que transitaram entre versatilidade, produções impecáveis e um belo toque de altíssimo ego, já não era capaz de se esperar resultados duvidosos na carreira do talentoso Yeezy.
E resultados duvidosos não aconteceram esse ano. No final do ano passado o rapper anunciou via Twitter o álbum da sua banca formada desde 2004, a G.O.O.D. Music. Quem conhece o trabalho de todos os integrantes do grupo esperou ansiosamente por um projeto à beira do poderia ser chamado de apoteótico (o que alguns dizem que West alcançou em My Beautiful Dark Twisted Fantasy). E depois de meses e meses de espera o tão esperado Cruel Summer foi lançado, contendo singles como Mercy, New God Flow e Cold (este no início difícil de engolir, mas muito bom) o projeto saiu.
O intuito não é falar sobre o disco, e nem sobre outras das fases de West (como em 808 and Heartbreak ou The College Dropout) e sim sobre a performance de Kanye não só nele, mas nesse ano inteiro de 2012. Ye soltou belos versos, teve boas participações mas não pareceu soar o mesmo cara dono de faixas como Power, Can’t Tell Me Nothing, Jesus Walks, entre outras. Seus temas nas músicas foram repetitivos (cash, money and hoes), não vimos aquele lado sentimental que sempre foi imprimido em suas produções. Único momento em que lembramos o Yeezy de sempre foi em “White Dress“, faixa do rapper para a trilha-sonora do filme de RZA.
E por falar em produções, uma das suas marcas registradas, e talvez a maior: não tivemos um bom número de instrumentais do Yeezy. Parece que o cara ficou apaixonado pelo trabalho do (talentoso) Hit-Boy e se viciou a apenas lançar sons, em sua maioria, com beats dele. Alguns de seus fãs chegaram a alegar que o próprio mal esteve presente no processo de gravação do álbum da sua “crew”, o que obviamente é um equívoco, mas depois do resultado cheguei a pensar o mesmo também. Chegamos a constatar que o seu som mudou extremamente em relação à suas primeiras aventuras no mundo do rap.
Sim, amigos. Este ano mostrou mais uma das fases musicais de Kanye West. Uma fase muito produtiva, porém apenas chegou perto do que pode ser chamado de “empolgante”. Sinceramente, um trabalho de uma banca com apenas 12 faixas (e com a péssima “Don’t Like” fechando o disco), se tratando de G.O.O.D. Music, é pífio. Após o anúncio do sexto álbum-solo do rapper vindo possivelmente em 2013, só podemos esperar que a mesma fórmula usada no seu último disco funcione: de mesclar em uma só tracklist, todos os seus grandes momentos na carreira. Pode ter espaço pro Hit-Boy nesse CD, sem problemas. Mas quem sabe do que estou falando quer mesmo é escutar aqueles samples que nos perguntamos como alguém conseguiu achar e colocar em um beat. E isso, Kanye é um dos poucos que sabe fazer com maestria.