As mina também representa em peso na locução de rádio!
Paulla Santos, guerreira até umas hora, é locutora da web rádio limeirense Kupula Hip Hop Inteligente. Ativa na cena Hip Hop do interior de SP por quase 10 anos, trocamos uma ideia sobre sua participação no movimento, maternidade e luta – muita luta!
Ah, e se liga: o programa vai ao ar todas quintas-feiras, às 19h30. Muita música, informação e conhecimento – inguala hip hop real.
RAPLOGIA: Como o Hip Hop apareceu na sua vida?
Paulla Santos: O Hip Hop surgiu em minha vida aos 9 anos de idade, quando um professor substituto de matemática colocou [uma música] para nós ouvirmos na aula enquanto fazíamos os trabalhos passados por ele; eu, curiosa, finalizando a atividade fui pedir informações a ele e era Gang Star – “Take It Personal”. Mas veio intensificar e fazer a diferença há uns 6 anos atrás, quando tive uma crise grave de depressão e [fiquei] durante 3 anos fazendo tratamentos com remédios e terapias. Via que não ajudava muito e, de repente, decidi parar e usar a música com minha terapia particular, no qual comecei a me aprofundar muito mais nas pesquisas sobre artistas, álbuns, toda a história por trás do trabalho. Enfim, hoje, graças a Deus, me encontro muito bem.
RAPLOGIA: O que mais te chamou atenção no movimento e fez despertar essa paixão em você?
P: Ainda na época em que ouvi pela primeira vez, não entendia nada, mas era algo que eu gostava de ouvir, me identificava com as batidas, melodias e tal… Hoje com meus 33 anos [e] entendendo um pouco mais, conhecendo muito mais que antes, digo que foi amor à primeira ouvida [risos]. O trabalho dos DJs, beatmakers e trabalho que os MCs tem pra finalizar um som, um álbum, é lindo demais.
RAPLOGIA: Como foi o início da sua caminhada no movimento?
P: No movimento sempre fui de ficar nos bastidores, muitos não acreditam, mas sou tímida demais e com isso permanecia só apoiando, indo nos shows, acompanhando os ensaios, até que com 14 anos fui convida a participar de um grupo chamado Faces da Rua, porem fiquei pouquíssimo tempo, mais ou menos uns 2 meses.
RAPLOGIA: Quando/ como você descobriu a paixão pela locução em rádio?
P: Sobre ser locutora no programa de web rádio no qual faço parte, digo a você que não tenho nenhum curso, nenhuma qualificação na área, só que sempre pesquiso, vejo vídeos, dicas, até para estar aperfeiçoando ao meu modo. Os meus parceiros iniciaram com o programa eu como ouvinte, fazia meus pedidos, dava dicas sobre o que poderiam estar fazendo no programação, trocávamos muitas informações até que surgiu o convite de participar… Demorei uns 2 meses pra responder devido a timidez, mas resolvi encarar e estou aí com eles há 1 ano e 2 meses (o programa tem 2 anos e 2 meses).
RAPLOGIA: Como você concilia a maternidade com sua profissão? Como é ser mãe dentro do movimento Hip Hop?
P: Sempre foi tranquilo e hoje em dia mais ainda porque meu filho tem 17 anos, é super meu parceiro, super de boa, e sempre tá me ajudando quando preciso de um help, e claro, tenho uma rainha, minha mãe que sempre me apoiou. Saio pra fazer meus corres do dia a dia e o programa as quintas-feiras, ou os eventos que surgem pra nós tocarmos, mas sempre em contato com eles pra saber como estão.
Ser mãe dentro do movimento é bem gratificante, porque podemos passar muitas informações sobre “n” assuntos de uma forma na qual prende atenção… E com isso vejo os amigos dele se interessando e vindo perguntar, querer saber e também poder ter a liberdade de falar abertamente sobre qualquer coisa.
RAPLOGIA: Quais são suas inspirações? O que/ quem você considera uma motivação na sua caminhada?
P: Sou uma apaixonada pela discotecagem, ou seja, pelo profissional Dj, e com isso os meus amigos me inspiram, porque eles são bons no que fazem, e claro, tem os DJs Gringos e os Nacionais e sempre estou vendo vídeos, lendo entrevistas para entender e conhecer mais. O que me motiva a continuar é ver esse monte de mulheres lindas e talentosas que sempre estiveram na cena mas não tiveram tanta visibilidade, e as que estão chegando seja rimando, tocando, sendo colaboradora de blog, nas locuções de rádios, enfim, sabemos fazer tudo isso tão bem quanto eles… Poder pra nós sempre!
RAPLOGIA: Como é ser mulher num meio predominantemente masculino como o Hip Hop? Você já passou por situações machistas? Como encara isso?
P: Não é nenhuma mil maravilhas, mas estamos aí na luta e na resistência. Já passei por algumas situações machistas sim, principalmente depois que entrei para o programa que faço. De primeiro momento, pensei em parar com tudo e ficar de boa, até porque querendo ou não ficamos expostos, mas tive o apoio dos meus parceiro de programa, minha família, amigos então acabei contornando a situação. Ainda sempre ouço algo do tipo “o que você faz no meio de tantos DJs se você não toca?” ou ” você conhece mesmo sobre músicas? Me fala alguns nomes”… Ou seja, sempre acham que temos que provar algo para estarmos e fazer parte do movimento e eu não preciso provar nada pra ninguém, a não ser pra mim mesmo .
RAPLOGIA: Quais os nomes de minas no Hip Hop nacional que você aponta como estrelas do presente/ futuro?
P: Confesso a você que ouço muito pouco nacional, mas as minas que tenho ouvido são elas Dory Oliveira, NegaSan, Tati Botelho, Drik Barbosa, Tássia Reis, Stefane Roberta (sou fã), Omnira, Yzalú… Tem mais, só que no momento fugiu da mente [risos].
RAPLOGIA: Quais são seus sonhos e planos para o futuro?
P: A princípio ver o crescimento do projeto e programa Kupula Hip Hop Inteligente e estamos trabalhando muito para que isso aconteça, e planos futuros tem alguns que ainda não posso estar falando sobre.
RAPLOGIA: Para finalizar, deixe um salve para as minas que estão começando na caminhada de seguir seu sonho no Hip Hop.
P: Para as minas que estão querendo se envolver nesse mundo digo que realmente não é fácil, e terá muitos pra dizer que você não vai conseguir, pra te criticar e tal, mas se você acredita no seu sonho corre atrás, faça acontecer e desde já desejo boa sorte!
O programa Kupula Hip Hop Inteligente acontece todas as quintas-feiras a partir das 19h30. É composto por 4 pessoas sendo dois Djs (DJ karllynhos e DJ Jones), Paulla Santos e Paulo Macedo na locução e entretenimento com os ouvintes, sempre com muitas informações, novidades a cada programação. O programa é transmitido pelo site www.sambaecompanhia.com ou o público pode estar ouvindo também pelo app RadiosNet (no campo de pesquisa é só digitar Samba e Companhia). Tem também a transmissão via live pelo Facebook da página.
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