Nos dias 7 e 8 de dezembro aconteceu a 10ª edição do Festival Batuque, no Sesc Santo André. Palco histórico do rap no Brasil, o Sesc recebeu grandes nomes da cena brasileira e internacional, como Black Alien, Rincon Sapiência, Tassia Reis, Xis e o convidado intermacional Ghostface Killah, membro do lendário grupo Wu Tang Clan. Estivemos lá para conferir e contamos como foi.

No sábado, 7 de dezembro, o evento contou com as apresentações de Tassia Reis, Projeto Nave, DJ Magrão, Max B;o apresentando o festival, e os shows clássicos de Black Alien e Ghostface Killah, que ainda apareceria no dia seguinte.

Gustavo deu um show a parte, apresentando clássicas faixas de “Babylon by Gus vol 1”, e as músicas de seu projeto mais recente, “Abaixo de Zero: Hello Hell”. Com um público eufórico com suas rimas e ideias, o show foi uma apresentação majestosa de um dos melhores mc´s da história do rap nacional, e mais um belo capitulo na história de Gustavo de Nikiti.

Tassia Reis trouxe toda a potência da sua voz e faixas de “Prospera”, disco lançado pela MC em 2019, repleto de black music e muita poesia. A artista foi muito aplaudida em sua apresentação, fruto de um trabalho maduro e bem aceito pelo rap desde o começo de sua carreira.

Apesar de estarmos presentes, não foi possível registrar os show do sábado, o que foi uma pena, mas compensamos domingo, com as apresentações do segundo e último dia de festival.

O rapper Xis em sua apresentação no Festival batuque 2019. Foto: Marcola

Quem abriu os trabalhos de domingo foi o rapper Xis. Já conhecido do rap nacional e dono de dois clássicos na conta, o ex-integrante do DMN trouxe um show cheio de nostalgia e rimas infelizmente ainda atuais. Durante a apresentação podia-se ver projeções com os rosto dos 9 adolescentes mortos na chacina de Paraisópolis e a palavra “Justiça!”.

Foi interessante notar a quantidade de pessoas entre os 40-60 anos presentes no show, mostrando a força do festival e do lendário rapper da zona leste de São Paulo.

Xis cantou muito de sua obra, como as grandes faixas “Paranoia delirante”, “Bem pior”, “Us mano e as mina” e muito mais das clássicas linhas do MC.

Logo na sequência tivemos a apresentação do Manicongo, letrista impecável e dançarino, Rincon sapiência. Como de praxe, foi um momento de festa, muita dança e comunhão entre a comunidade preta que estava presente no Sesc Santo André. Rincon trouxe as faixas do seu mais novo álbum, “Mundo Manicongo”, que é repleto de influências de sons africanos que Rincon nunca escondeu a sua admiração.

Mas é claro que o ponto alto do show foi quando o MC soltou seus versos livres de “Ponta de lança”, música que explodiu a cena do rap em 2016. Foi um show animado, cheio de amor, sensualidade, festa, envolto de uma técnica apurada de rimas, métricas e linguagem que Rincon faz como poucas pessoas.

Rincon Sapiência no Festival Batuque 2019. Foto: Marcola

E a cereja do bolo ficou pro final: Anos depois de vermos GZA e Raekwon, finalmente pudemos tomar o axé da presença de Ghostface Killah em terras brasileiras. Foi o momento de ápice de muitos favelados e fãs de rap 90, que tem o Wu Tang Clan como o maior grupo de rap de todos os tempos. Ghostface fez o básico, mas necessário para colocar o Sesc no chão, como vocês podem ver no vídeo abaixo, feito por mim.

A tracklist do show não podia ser melhor: “C.R.E.A.M”, “Protect Ya Neck”, “Shimmy Shimmy Ya”, entre outros sons tanto do MC como do Wu Tang Clan. Também rolou bastante Mobb Deep, Nas e outros artistas de Nova York, mostrando a união do bairro em torno de suas obras mais clássicas.

Teve muita homenagem ao Wu Tang, muito bate cabeça, união entre manos e minas que tiveram a oportunidade de contemplar esse momento histórico para o rap nacional.

E momentos históricos não faltaram, quando Ghostface colocou no palco dois fãs da plateia para cantar “Protect Ya Neck”, que levou o público a loucura. Outro momento importante foi quando DJ Technician soltou para a platéia “Nego Drama”, dos Racionais Mc’s e “Bom senso” de Tim Maia para tocar, que foi muito bem recebido, sendo uma forma de homenagear nossa música e nossos ídolos negros.

Ghostface Killah. Foto: Marcola

Fica nosso agradecimento ao Sesc, que mais uma vez proporcionou um final de semana memorável para os fãs brasileiros de rap, com ingressos e bebidas a preços populares, um ambiente confortável e inclusivo, comportando crianças. homens e mulheres, muitos deles com algum tipo de deficiência, permitindo que todas pudessem aproveitar esse festival da melhor maneira.

Ficamos por aqui, e até 2020, Festival batuque!

[Todas as fotografias e vídeos por Marcola (instagram.com/marrcolaa)]

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Marco Aurélio

Marco Aurélio

Fotografo shows sujos onde frequento, escrevo rimas que nunca vou lançar e faço pautas sobre coisas que vocês (ainda) não conhecem.