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Kendrick Lamar e seus 25 álbuns favoritos

By 25 de outubro de 2012 No Comments

Como parte da semana especial de lançamento do good kid, m.A.A.d City, o site da revista Complex, Complex.com, postou uma matéria em que o próprio Kendrick fala sobre seus CDs favoritos e o porquê de serem seus favoritos. Citando LPs do DJ Quik, do Ice Cube, do Jay-Z, do Biggie e mais, Kendrick disse que The Chronic, o lendário álbum do Dr. Dre foi o primeiro álbum a ser tocado do começo ao fim em sua casa.

“Aquele foi o primeiro álbum de rap que eu me lembro de ter tocado do começo ao fim na minha casa. Músicas que eu realmente me lembro de quando era criança. Ali foi o começo das famosas festinhas em casa”, disse ele. “‘Lil’ Ghetto Boy’ é louca por causa da história e eu conto muitas histórias nesse meu CD. É realmente um padrão… tipo, eu escuto meu álbum e vejo como ele é dividido em 12 músicas. Ele realmente se forma um álbum assim, só contando histórias e o que representa a cidade e essa molecada de hoje em dia.”

Continue lendo pra conhecer os 25 álbuns favoritos do Kendrick e o que ele falou sobre cada um deles.

DJ Quik, Quik is the Name (1991)

 

“‘Sweet Black Pussy’ tocava o dia inteiro na minha casa. Essa música é de praxe pra mim, sempre tocava. Eu comecei a gostar do DJ Quik por causa dos beats e das rimas, era criança e gostava. Ele era um rapper e por alguma razão eu sabia que ele fazia os beats também. Eu acho que alguém me disse que, por ser criança, eu nunca consegui enxergar o Quik só como um rapper. Eu sabia que ele fazia todo o instrumental por trás. Eu acho o tom de voz dele único, se destacava, da mesma forma que o Eazy se destacou. Você sempre sabia que era ele quando o ouvia em uma música.”

Ice Cube, Death Certificate (1991)

 

“Eu lembro disso tocar na minha casa quando eu era criança, mas também lembro de não ter noção da influência que isso ia ter no mundo, então há um tempo atrás eu sentei e realmente ouvi. É um álbum muito muito louco. ‘A Bird in the Hand’ é um dos meus sons favoritos. Eu tenho certeza de que foi uma grande influência só pelo que ele falava. Cube falava sobre muita coisa que tava rolando no mundo também. Ele trouxe tudo aquilo pras ruas e foi feito por um ponto de vista bem cru. Acho que é disso que eu gosto mais.”

Dr. Dre, The Chronic (1992)

“Esse foi, provavelmente, o primeiro álbum de rap que eu lembro de ter tocado do começo ao fim na minha casa. Músicas que realmente lembram a minha infância. Foi nessa época que começaram as famosas festinhas em casa. Lil’ Ghetto Boy’ é louca por causa da história e eu conto muitas histórias nesse meu CD. É realmente um padrão… tipo, eu escuto meu álbum e vejo como ele é dividido em 12 músicas. Ele realmente se forma um álbum assim, só contando histórias e o que representa a cidade e essa molecada de hoje em dia.”

Snoop Dogg, Doggystyle (1993)

“‘Who Am I (What’s My Name)’ é provavelmente um dos primeiros álbuns de rap que eu aprendi a cantar inteiro. Eu lembro de assistir/ouvir ele no The Box, um canal da TV a cabo, que você tinha que ligar e pedir. Eu lembro deles tocarem esse e o ‘I Got 5 On It’ tipo umas dez vezes seguidas no mesmo dia. Uma das minhas músicas favoritas… ‘Stranded on Death Row’. Tinha todo mundo nessa música. RBX tá nela, Lady of Rage, Kurupt…”

Notorious B.I.G., Ready To Die (1994)

“O que mais me marcou nesse álbum foram as histórias contadas, só as histórias, o quão profundas elas eram. As histórias e o flow. Uma coisa sobre a música da nossa região é que nós tínhamos história pra contar, não tão profundamente como nessa álbum, mas tínhamos. Nossas coisas era mais descontraídas, mais flow e mais espontaneidade, era assim que soava pra gente. Esse CD do Biggie, não. Era mais sujo. As histórias eram loucas, o flow era louco.”

2Pac, Me Against The World (1995)

“Esse álbum era pesado. ‘Death Around the Corner’, ‘So Many Tears’… Dava pra ver em que vibe ele tava só por esse CD.”

Tha Dogg Pound, Dogg Food (1995)

“É, ‘Let’s Play House’. [Risos] É, Doog Pound, Dogg Food, Kurupt. Eles eram tão frios com aquilo. Era só isso que eu tocava em casa também. Eu era exposto a todos esses raps loucos. Daz na batida, Kurupt cuspindo uns versos loucos. ‘Let’s Play House’ era um dos sons que se destacavam.”

2Pac, All Eyez On Me (1996)

“Vocês sabem o que é louco nesses álbuns no Tupac? Esses três álbuns, Me Against The WorldAll Eyez On Me, and Makaveli [The Don Killuminati: The 7 Day Theory], foram tão tocados que você começa a misturar que música foi em qual CD. Tanto as músicas antigas como as mais novas foram tocadas em casa. Tudo que eu consigo me lembrar é de que meus pais sempre tocavam esse álbum. Tocavam, tocavam, tocavam e tocavam. Todos eles [CDs do Tupac] eram pesados. Era só isso que a gente sabia em casa.”

Jay-Z, Reasonable Doubt (1996)

“Eu tive que voltar a ouvir Jay-Z quando comecei a escrever e uma das minhas músicas favoritas nesse álbum é ‘Politics As Usual’ só pela vibe e pelo flow dela. ‘Y’all relatin’ no waitin’ / I’ll make your block infrared hot: I’m like Satan / y’all feel a nigga’s struggle / y’all think a nigga love to hustle behind the wheel / trying to escape my trouble’ é um dos primeiros versos que eu lembro toda vez que penso nesse álbum.  Eu comecei a gostar mais de Reasonable Doubt aí por 2001, 2002, super atrasado. Na minha região a gente não ouvia muita música da região do Jay-Z justamente por todas as tretas rolando naquela época – e nós éramos muito influenciados por tudo aquilo. Eu tinha uns 9, 10, 11 anos, por aí e não queria ouvir nada que viesse daquela região. Tudo que todo mundo estava ouvindo era Death Row.”

2Pac, Makaveli (1996)

“O porquê de eu gostar do Makaveli, um dos meus CDs favoritos, é a agressividade dele. Quando eu olho pra trás, vejo que tinha muita controvérsia rolando em torno desse álbum e que eu não conseguia entender quando era mais novo. O fato de ele estar numa cruz e as armas em ‘Against All Odds’… Era muita agressividade e, na minha opinião, um dos melhores trabalhos do ‘Pac. Tem aquela emoção, tem a agressividade naquela faixa e realmente parece que ele queria ir pra guerra ouvindo esse CD.”

Notorious B.I.G., Life After Death (1997)

“Eu lembro de ser criança junto com um amigo e de tentar descobrir o que o R. Kelly dizia no verso de ‘Fuckin You Tonight’ [risos], eu tava sempre tentando pegar aquele flow: ‘Girl you look fine, like a wind face Rolex, you just shine.’ AQUELE flow. A gente achava aquilo muito louco. A história era muito louca. Agora quando ouço esse CD, percebo que ele nos leva pra uma outra direção onde dá pra gente ver que ele se abre pras massas. Ele começou com o som das ruas e depois vem com um álbum mais amplo, foda.”

DMX, It’s Dark and Hell is Hot (1998)

“Ahhhhh sim! Esse foi o primeiro álbum que me fez querer escrever. Eu escrevi minha primeira letra quando eu tinhas uns 13/14 anos ouvindo esse CD, na real. Eu tava entrando na oitava série, na sétima indo pra oitava, provavelmente. Eu só fiquei inspirado e comecei a escrever, então esse sempre vai ser um dos meus álbuns favoritos. Eu conheci o DMX pela primeira vez semana passada e tive a oportunidade de dizer isso pra ele pessoalmente. Esse foi o álbum que me inspirou a ser um rapper. É a crueza e a realidade desse CD. O Tupac tinha morrido, existia um vazio, tinha algo faltando naquilo tudo [no rap] e o DMX veio com tudo pra preencher aquele lugar vazio. Agora pensando sobre isso que eu me dou conta que é esse o porquê desse álbum ser tão importante pra mim. Minha música favorita provavelmente é a ‘Intro’. ‘One two one two / come through run through gun who / oh you don’t know what the gun do.’ Isso ficava no repeat sempre. Com essa e ‘Get Me A Dog’ eu podia passar o dia inteiro.”

Lauryn Hill, The Miseducation of Lauryn Hill (1998)

“Esse CD provavelmente tem o maior número de hits que eu já ouvi na vida mesmo ouvindo ele agora. É louco, eu achava que ela estava a frente do seu tempo – só pelo sentimento, a coesão e o conceito por trás desse álbum. Era genial pra mim. Eu lembro dos clipes, o quão foda eram os clipes. Eles eram legais e tinham uma vibe diferente. Tinham uma vibe mais natural. Naquela época os clipes tinham toda uma pompa, os dela eram mais naturais, sendo ela mesma. Eu achava isso foda e é foda o fato de eu ter reconhecido isso sendo tão novo.”

Juvenile, 400 Degreez (1998)

“Ahhh, 400 Degreez! Esse era um dos meus CDs de verão favoritos. Cash Money no começo foi um dos melhores anos da minha vida. Eu ouvia esse álbum do começo ao fim todos os dias. Teve um verão em particular em que toda a minha vizinhança estava ouvindo ele. Todo mundo se achava um Hot Boyz tentando amarrar suas bandanas em volta da cabeça. Era louco. Ele tinha a minha região toda na palma da mão. Nós, definitivamente, queríamos ser ele. Eu amei logo na primeira vez que ouvi esse CD. Logo na primeira vez. Aquele foi o começo dos clipes também. Aquilo foi o começo de tudo. Aquela vibe toda era muito original. As coisas que ele dizia eram muito fáceis de se identificar.”

DJ Quik, Rhythm-al-ism (1998)

‘Down, Down, Down’, essa música era louca. Eu achei esse CD quando tava no ensino fundamental. Ensino fundamental, só ouvindo ‘Down, Down, Down’ o dia inteiro. Dentro do ônibus pirando naquela música. ‘Speed’ era louca. O interlude era louco também. Ele sempre tinha uns interludes muito loucos.”

B.G., Chopper City in the Ghetto (1999)

“Era direto demais. Era muito sujo. Eu gosto do tom do B.G. também, o jeito que ele pronuncia as palavras. Gosto de todos os tons delas. Elas são únicas. Minha música favorita provavelmente é ‘Thug’n’. Essa e ‘Cash Money is an Army’.”

Hot Boy$, Guerrilla Warfare (1999)

“O Turk e o Wayne estavam com tudo, o B.G. também. Minha música favorita desse CD é, provavelmente, ‘Ridin’. ‘We ridin’, we ridin’, come up out the flames with the K firing.’ Mesma coisa. Verão. Meu beat favorito do Mannie Fresh é provavelmente esse de ‘Ridin’.”

Lil’ Wayne, Tha Block Is Hot (1999)

“Os caras estavam com tudo. A Cash Money tinha muita influência na minha região, acho que o mundo não sabe. O Mannie Fresh fez o tipo de beat que ainda tinha baixo. LA ama aquele baixo. Eles tinham estilo, por isso nós os amávamos tanto. Eu conheci o Mannie Fresh nessa turnê, foi muito louco. Eu tive que perguntar umas coisas pra ele sobre rap e coisas do tipo, só pra pegar um pouco de conhecimento sobre tudo.”

E-40, Charlie Hu$tle (1999)

‘Big Ballin With My Homies’, ‘L.I.Q.’. Meu amigo Earl costumava ouvir esse CD todo o tempo todo o dia e aí eu tomei gosto. Era divertido, fazia você se transformar do mesmo jeito que o E-40 se transformou hoje em dia. As gírias, a linguagem do gueto. Era divertido e original. Ninguém nunca soou como o E-40 até hoje. Ele se reinventou de uma forma que nenhum artista jamais conseguiu. Ninguém nunca vai ser como ele.  Esse é meu lance também.”

Kurupt, Tha Streetz Iz a Mutha (1999)

‘Callin Out Names’ [risos], foi aí que ele pegou todo mundo. Eu acho que esse foi um divisor de águas para o que a zona leste representa. A zona leste é muito sensível [risos]. Nós somos muito sensíveis quanto às situações e nos levantamos facilmente. O Kurupt chegou arrebentando. Ele tinha muita qualidade nas letras. A maioria do conteúdo das minhas letras veio do que ele fez na costa leste. As letras se destacaram, ele fez ‘New York, New York’ se tornar uma influência de como eu falo da minha região.”

Dr. Dre, 2001 (1999)

“Dr. Dre, 2001. A mesma coisa. Ele fez tudo de novo. Eu me lembro de rasgar o pacote que meus pais trouxeram com esse CD. Lembro de ouvir esse CD por meses e meses e meses. Fiquei apegado a ele. E anos depois ele continua tocando, aí que eu sei que ele é um clássico. Ouvir ‘Xxplosive’ pela primeira vez. Ouvir a intro de ‘The Car Bomb’, os efeitos sonoros nessa eram muito loucos. Parecia o som de um filme. Eu me lembro de ser criança e achar que era um filme de verdade. A melhor parte tem deve ser a do Eminem com esse cara chamado Six-Deuce [Six-Two] quando ele diz ‘she ate her best friend, I left them hoes at the mote’ / They be beeping me and shit, but we don’t kick it no mo’ / Them hot hoes is fiending, they on the nuts / But bitch, I’m out your pussy when I nut, fo’ real / XXplosive.’Esse sempre foi meu verso favorito. Era tão simples, mas era tão louco.”

DJ Quik, Balance & Options (2000)

“Meu parceiro Earl ouvia esse álbum todos os dias. Uma das primeiras músicas dele ‘I Don’t Wanna Party Wit U’ é uma que eu consigo lembrar porque realmente me dá um sentimento gostoso. Era verão, a gente tava por aí correndo e essa música tocando.”

Nas, Stillmatic (2001)

“Essa foi uma época em que eu tava comprando CD pra caramba e esse foi um dos que eu comprei. Uma das minhas músicas favoritas do Nas com o AZ é ‘The Flyest’. [Cantando] ‘We the flyest gangsters.’ Eu achava uma vibe legal, tinha um pouco de zona leste e umas letras bem complexas. É um dos melhores trabalhos do Nas em questão de contar histórias, ele cantando rap ao contrário, pô, isso é genial.”

Clipse, Lord Willin’ (2002)

“Clipse, Lord Willin, nossa. Essa é uma boa lembrança. Só pelo fato da gente ficar batendo na mesa com aquele beat fazendo freestyle na escola. Essa é provavelmente uma das minhas melhores lembranças. Eu ouvi eles no rádio e um dia cheguei em casa e vi o clipe de ‘Grindin’ e fiquei tipo ‘o que é isso? Isso é muito louco!’”

Jay-Z, The Black Album (2003)

“Eu amo esse CD. É um dos meus favoritos do Jay. Todo mundo prefere o Blueprint, eu amo o The Black Album. A primeira vez que eu ouvi ‘Encore’ eu pirei. Eu provavelmente tava no último ano do fundamental ouvindo isso na aula umas dez vezes seguidas. Principalmente porque ele estava dizendo que estava prestes a se aposentar e então ele simplesmente detonou. As batidas eram foda, as rimas eram foda. É louco porque todo mundo diz “nossa, o Blueprint, o Blueprint é demais”, mas eu acho que o The Black Album vem logo atrás. Ele tem ‘99 Problems’.”

E aí, o que vocês acharam das escolhas do K? Aproveitem a oportunidade e contem pra nós quais são seus 10, 15, 20, 25 álbuns favoritos aí nos comentários.

Até a próxima!

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Jhonatan Rodrigues

Jhonatan Rodrigues

Fundador do Raplogia em 2011. Ex-escritor do Rapevolusom e ex-Genius Brasil. Me encontre no Twitter falando sobre rap: @JhonatanakaJoe