O álbum, ainda com nome indefinido, virá com diversas participações de peso do rap nacional, como Shock O Qxó, que colaborou com o single O Maior Festival do Planeta.
“Conheci o Qxó nas rodas de rima há poucos anos e de cara gravamos uma faixa em parceria com o Numa Margem Distante. Sempre fui fã do trabalho dele e o escolhi pra ser o primeiro parceiro desse meu novo trabalho. Temos mais uma música juntos no disco onde o Shock escreveu tudo e convidamos uma artista muito braba para participar. A faixa está muito boa, vai ser uma surpresa essa parceria.”
Mãolee, que é dono da Tudubom Records e produziu os discos de Filipe RET (Revel e Vivaz) e Daniel Shadow (Tudo ou Nada), agora aposta no próprio trabalho, que terá influências do funk, trap, entre outros gêneros musicais. Perguntado sobre os produtores mais talentosos da cena, ele rasga elogios aos brasileiros, mas também cita o americano Metro Boomin como referência internacional para o trap:
– No Brasil tem surgido muito cara bom. Leo Justi, Kaique Beats, Dallass, meu parceiro DJ LN. Tenho curtido muito o trabalho desses caras. Os clássicos também estão sempre em destaque, meu mano Papatinho, Nave, Ganja Man, Blood, WC, Luiz Café, Neo Beats entre outros. O Brasil é muito pesado em qualidade de beatmakers e produtores musicais. Gosto muito de rap gringo, curto muito vários estilos e épocas diferentes das produções de vários segmentos dentro do rap, mas com essa onda do trap de Atlanta invadindo o mundo todo, acho que o Metro Bommin vem roubando a cena.
Fã de soul music, Mãolee fez um remake do álbum “When Love is New” do cantor americano Billy Paul, lançado originalmente em 1975. No segundo semestre do ano passado, o produtor criou remixes de trap que incluíam versões de músicas do MC Maneirinho, MC Brinquedo e Péricles, do antigo grupo de pagode Exaltasamba.
Questionado sobre o problema da criminalidade no Brasil e a glamourização do crime nas letras de rap, Mãolee diz que a solução é a leitura e o aprendizado.
“Auto-afirmação é algo cultural no rap desde as batalhas de rima e de DJs na gringa onde nasceu o movimento hip-hop. Rap criminal também é cultural aqui no Brasil, auto-afirmação e tiração de onda. Nosso maior ícone do Rap é o Racionais e eles cantam isso até hoje. Devemos ter mais consciência, tirar as lições certas dos nossos erros e dos erros dos outros. Eu valorizo o trabalho e luto com vontade para sustentar minha família e realizar nossos sonhos, sem desrespeitar e tirar proveito de ninguém. A conscientização dos jovens depende da educação e infelizmente isso também é um grande problema no Brasil. Mas só depende de nós mesmos, vamos estudar, ter fome de aprendizado. A educação, a leitura e o aprendizado sempre serão a melhor solução. Essa é a verdadeira fórmula.”