2016 foi um ano excelente para o rap nos Estados Unidos. Artistas como Schoolboy Q, Ab-Soul, Kanye West, Desiigner Isaiah Rashad nos deram excelentes trabalhos musicais, elevando o nível do gênero, dominando as discussões e provocando os ouvintes a imaginarem o que está por vir. Até certo ponto, é possível estimar o que podemos esperar para o rap norte-americano em 2017. Enquanto alguns artistas encontraram calmaria no ano que passou, outros tentam manter a alta atividade na cena. Confira os principais nomes para ficar de olho.
Desiigner
A excêntrica figura de Desiigner parecia onipresente em eventos de premiações de rap em 2016. Tendo conquistado boa parte do mainstream com o single “Panda” – e ainda faturado uma nomeação para o Grammy –, o artista ainda lançou a mixtape New English (2016). No entanto, ela recebeu análises bem dividas. Nossa review afirmou que “no que concerne clareza de pronúncias e mensagens poéticas, a mixtape beira o nulo, o neutro por incompreensão. Entretanto, é importante perceber que a obra tem seu valor artístico e seu poder expressivo”. Seu desempenho comercial também foi abaixo do esperado.
Apesar disso, ele contou com a ajuda do lendário Kanye West para assinar um contrato com a GOOD Music. A estrutura e os contatos que o rapper de Nova York fará com essa nova oportunidade podem o ajudar a lançar o já planejado álbum Life Of Desiigner, que pode o consolidar (se é que já não está) de vez na cena de rap mundial.
Joey Bada$$
Joey Bada$$, rapper de Nova York cujo álbum B4.DA.$$ (2015) – seu debute – foi muito elogiado ela crítica – inclusive por nós, do Raplogia –, vem se consolidando como um artista de primeira qualidade. Um dos principais nomes da nova escola há alguns anos, Bada$$ quer aumentar sua discografia com o chamado AABA. Programado para sair em novembro de 2016, o álbum teve seu lançamento adiado, como informou o rapper pelo Twitter. Apesar disso, já estão disponíveis dois singles do trabalho: as faixas “Devastated” e “Front & Center,”
Em 2016, Joey se envolveu numa beef com o rapper Troy Ave, também de Nova York. As coisas ficaram mais intensas quando Ave mencionou a morte do rapper Capital STEEZ, que cometeu suicídio em 2012. O episódio e as análises que ele pode gerar merecem um artigo por si só, mas podem ser bem entendidas neste link. De qualquer forma, isso nos levaa a crer que uma possível resposta ou ataque poderão ser feitas em AABA.
Big Sean
I Decided, álbum a ser lançado dia 3 de fevereiro pelo rapper de Detroit Big Sean, aparece nas principais listas de trabalhos mais esperados de 2017. Não é para menos: basta observar as últimas cartadas que Sean tem dado no rap game para imaginar como o novo trabalho é esperado de forma ansiosa pelos fãs. Dark Sky Paradise (2015), seu último disco, teve bom desempenho comercial, sendo inclusive certificado com um disco de platina. As críticas ao disco foram levemente positivas. Foi também em 2015 que seu single de 2014 “I Don’t Fuck With You” recebeu três discos de platina.
2016 também não foi um ano parado para Sean. Além dos lançamentos dos singles “Bounce Back” e “Moves”, do trabalho que está por vir, também houve um álbum colaborativo com a artista Jhene Aiko, chamado Twenty88 (2016). Esse também é o nome da dupla. Ele recebeu críticas positivas em geral e teve um bom desempenho comercial, chegando a atingir 8 milhões de streams na primeira semana.
Fetty Wap
O dono do hit “Trap Queen” pode voltar aos holofotes. Depois de ultrapassar as fronteiras norte-americanas com algumas faixas de seu álbum homônimo, o rapper de New Jersey Fetty Wap perdeu força em 2016, especialmente na segunda metade do ano. Sua mixtape Zoovier (2016), lançada em novembro, não ganhou muita atenção. O plano era soltar o novo álbum – chamado King Zoo – em setembro de 2016, mas atrasos obrigaram o rapper a adiar o lançamento para esse ano.
É bem verdade que, em março, o já mencionado Fetty Wap (2015) recebeu um disco de platina, mas o rapper não parece satisfeito. Em entrevista para um site norte-americano de notícias, o artista disse que sua intenção com o novo título na discografia é “permanecer relevante”. O rapper já se movimentou para ensaiar esse possível retorno. No início de Janeiro ele publicou, em parceria com seu colega Monty, do Remy Boyz, a faixa “Way You Are (King Zoo)”, especial para o dia nos namorados nos Estados Unidos, celebrado no dia 14 de fevereiro.
Colaboração de Gambino e Chance?
Uma possível colaboração entre Childish Gambino e Chance The Rapper foi noticiada essa semana por uma revista norte-americana e empolgou grande parte dos fãs.
Nos últimos anos, Chance The Rapper ganhou boa exposição no mainstream, principalmente devido a participações em álbuns de artistas bem conhecidos como The Life Of Pablo (2016), de Kanye West, e This Unruly Mess I’ve Made (2016), de Macklemore e Ryan Lewis. Também participou da faixa “Baby Blue”, a nona de Mr. Wonderful (2015), do artista Action Bronson. Oficialmente, o rapper de Chicago tem apenas mixtapes em sua discografia, mas boa parte da crítica considera que duas delas tem porte de álbum: a Acid Rap (2013) e a mais recente Coloring Book (2016). Esse último foi muito bem recebido pela crítica, o que nos leva a crer que Chance está em grande forma para criar o suposto novo trabalho colaborativo.
Gambino, por sua vez, vem ensaiando um distanciamento do rap desde 2013. Ainda assim, eles foram bem positivos para a sua carreira. O artista, nascido em Stone Mountain, Georgia, mas muito identificado com a cidade de Atlanta, lançou, nos últimos cinco anos, dois álbuns de estúdio: Because The Internet… (2013) e “Awaken, My Love” (2016). O primeiro, apesar de ter sido lançado junto a um roteiro online e possibilitar uma experiência de maior imersão aos ouvintes, não foi tão bem recebido pela crítica. Mesmo assim o álbum foi certificado como Ouro pela RIAA. Awaken, por sua vez, trouxe uma proposta diferente, se distanciando do rap e atingindo gêneros musicais como o R&B e o Soul. Foi, em geral, bem recebido pela crítica.
Vale comentar também sua marca já solidificada de multitalentos, construída nos anos recentes principalmente com seu trabalho como ator e produtor na televisão. A série Atlanta, já assunto de uma pauta no Raplogia, prova essa ideia de que “O talento de Childish Gambino transcende a sua carreira no hip-hop”. Como comediante, realizou também apresentações de comédia em pé. Mais um motivo, portanto, para ficar animado para o suposto novo álbum. Seria a reaproximação do artista da sua grande habilidade no rap, que ele já provou que tem?