Depois de um tempo de hiato (meu último texto tinha sido aquele sobre Death Note), venho falar de outro filme: Pantera Negra.
Não sou nenhum crítico de cinema, mas sem dúvidas esse filme será um marco para os amantes da sétima arte, e principalmente para quem faz essa indústria acontecer. Não apenas por ser um dos poucos filmes de heróis negros que veio com grande destaque e investimento, mas por ser um filme produzido, atuado e dirigido por negros. A trama é bem encaixada, e o roteiro não desperdiça tempo tentando introduzir o espectador ao seu processo de construção, já que, a história já se explica e introduz ao contexto quem a assiste automaticamente.
Os personagens são muito bem construídos; Chadwick Boseman transmite muito bem a importância que seu personagem tem: rei de Wakanda e Pantera Negra. Lupita Nyong’o tem seu microuniverso próprio, com uma personalidade forte e poderosa física e mentalmente. Letitia Wright, que interpreta Shuri, irmã de T’challa (aka Pantera Negra), é responsável pelos “alívios cômicos” do filme, mas foge do clichê dos filmes de heróis, com falas sutis e bem naturais. Bem, não vou ficar falando de todos os personagens, senão o texto vai ficar gigante e você que tá lendo pode se surpreender menos ao ver o filme. Só vou falar de mais um personagem: Killmonger!
Michael B. Jordan (que ao lado do diretor Ryan Coogler, protagonizou Creed, que é outro filme foda que você precisa ver), desta vez nos entrega um dos melhores vilões já vistos. Killmonger, ou N’jadaka, é foda! Tem motivos muito justificáveis para ser o grande adversário do Pantera, e muitas vezes faz a gente se identificar mais com ele do que com o próprio herói. Sua origem é desconhecida na maior parte do filme, e seu momento vem só lá pro segundo ato, com o desenvolver da trama.
Talvez o ponto que o filme peca seja no embate final, com muito CGI, o que deixou o visual meio confuso – talvez tenha sido porque o 3D não ajudou (sou mais o bom e velho 2D) –, mas não é nada que atrapalhe o filme.
Agora vamos falar sobre a importância desse filme. Na moral, todo moleque pobre, com autoestima baixa e que não sabe muito sua importância no mundo deveria assistir essa obra. Desde as pequenas cenas ambientadas no subúrbio de Oakland, passando pela trilha sonora (produzida pelo monstro Kendrick Lamar) e chegando até as atuações, o filme dialoga com qualquer periferia no mundo. Inclusive, Michael B. Jordan se inspirou em Cidade de Deus no processo de construção de seu personagem; então essa identificação não é à toa.
Esse filme é uma injeção de ânimo e de esperança para os negros. É uma obra totalmente feita por negros e para negros, mas não faz com que as pessoas de outras etnias não entendam, e até se identifiquem com o filme. Enfim, assista Pantera Negra e aprecie essa grande obra do cinema (agora mais do que nunca) negro!