Se você está interessado em saber do underground do rap, não pare de ler. O Raplogia apresenta agora, em uma entrevista descontraída, o grupo Card Principal, de Niterói-RJ. Resultado da correria clássica como qualquer outro grupo independente, o trabalho do Card pode ser considerado underground com qualidade de mainstream, principalmente devido aos esforços suados de seus membros para se firmarem no jogo do rap. E o fazem através da montagem de sua própria estrutura. Sua história menciona nomes conhecidos como o selo Caverna do Dragão e muito mais. Já com alguns singles na pista, o grupo trabalha atualmente em seu primeiro CD que, segundo eles, virá muito pesado no presente ano. Só conferir o potencial dos caras
1. Salve, galera do Card Principal. Primeiro gostaríamos que falassem um pouco sobre o grupo. Como e quando ele surgiu?
Salve, Raul! Salve Raplogia! PG do Card Principal aqui nas respostas. Cara, o grupo surgiu com o nome de Card Principal em 2013, mas com essa formação mesmo [Léo, PG e João] a gente era o NovaMente desde 2011. Fim de 2011 a gente começou como NovaMente. Era eu, o Léo e o João, como é o Card, mas tinha mais um integrante, o Caio, um irmão nosso que tocava violão. Só fazíamos música no violão nessa época. E acabou surgindo mesmo, cada um de nós sempre escreveu, tirando o Caio. E a gente é amigo há muito tempo. Só foi juntar o útil ao agradável e formar o grupo. E nossa relação é foda até hoje.
2. Perguntamos sempre aos nossos entrevistados: qual foi o primeiro contato de vocês com o Rap?
Pô, meu primeiro contato com o rap… na real eu sempre ouvi rap assim. Mais da gringa até. Minha relação com o Rap Nacional veio depois de um tempo. Mas o meu primeiro contato com o rap foi com uns camaradas meus em 2006. Era o Lúcio, irmão do Cert, da Cone, que já tinha um grupo na escola que eu estudava quando eu morava no Recreio ainda. E aí foi meu primeiro contato, os camaradas me chamaram pra ter um grupo então desde essa época eu escrevo. Acho que desde os 12 anos eu to escrevendo. E foi assim. Acho que eu já comecei fazendo Rap Nacional ouvindo Rap Nacional. Tô nessa há um bom tempo já.
3. Aproveitando a última pergunta, quais artistas vocês diriam que mais influenciaram o trabalho do grupo? Há algum ídolo em especial que queiram falar sobre?
Sinceramente a gente valoriza muito o trampo do Haikaiss. Acho que é a nossa referência em muitos sentidos: na questão de produção, de como lançar uma música, como lançar um CD, como divulgar. Na qualidade que os caras impõem em tudo que eles fazem. Acho que é nossa maior referência. Mas fora isso, o Léo tem uma puta influencia do Racionais na vida dele, escutou a infância inteira. Assim como o João também tem uma influência muito forte da MPB, que é o que dá nossa veia mais musical da parada que sai um pouco do rap mais quadrado. E eu sou multi musical, o que tocar eu vou curtir. Gosto demais de pagode, acho que tem muito disso em nossas músicas, como o Léo também é fã de um pagode. E o João não dispensa também. Mas é isso, a gente escuta de tudo, as influências seriam principalmente essas. Mas Haikaiss é nossa referência maior, com certeza.
4. Há uma razão específica para a escolha do nome “Card Principal”?
O nome Card Principal surge depois da gente chegar a conclusão que “NovaMente” era um nome bem ruim e que a gente precisava de uma mudança [risos]. Até porque nessa época o João tinha saído do grupo, o Caio também. Tava só eu e o Léo e a gente precisava de uma virada nessa história. “Card Principal” não tem um sentido específico assim não, a gente já tentou até bolar alguma coisa pra sigla, mas nada saiu da maneira exata. O nome representa um pouco da nossa luta, da nossa força e da nossa resistência que é um pouco contra o sistema do rap, eu poderia dizer. A gente não fecha com panela nenhuma, nós somos o nosso Card e estamos montando nossa estrutura mesmo, independente de todo mundo. Independente de qualquer gravadora que esteja fora disso tudo e de qualquer outro selo daqui que queria fechar com a gente. A gente não foi muito aceito então montamos nosso próprio “Card Principal”, se é que dá pra entender.
5. A faixa mais conhecida de vocês é “Naquela”, com 116 mil visualizações no YouTube até o momento. E sabemos que alguns artistas criam afeição com algumas músicas que gravam. Algum de vocês tem uma faixa preferida?
Na real o que o Card Principal mostra não é nem um pouco do Card Principal que a gente conhece, sabe? A gente tem um Card Principal todo guardado pra gente aqui com uma dezena de músicas não lançadas que a gente acredita muito. “Naquela” chegou onde chegou por muita ajuda, pelo tempo que ela tem de pista, por ser uma boa música também, mas a gente acredita que a gente tenha outras “Naquelas” e até maiores no CD que vai vir aí, o Visita da Consciência, que até outubro assim a gente espera estar botando na rua. Agora a gente vai lançar uma música que me agrada muito, já ouvi muito, se chama “Bons Modos”. Deve ser nosso próximo lançamento. Bagulho vai vir bonito demais!
6. Basta olhar os dois últimos clipes – “Relatos (Prod. 2R)” e, mais recentemente, “Cê Não Sabe!? (Remix Skrillex)” – para ver que a produção de vocês não deixa a desejar. Qual a estrutura de produção do grupo atualmente? Vocês têm algum estúdio?
Há pouco tempo a gente fez parte do selo da Caverna do Dragão que abraçou a gente mesmo. Os caras cuidaram da gente demais, trabalharam muito por nós. Só que por questões de distância a gente acabou não ficando [no selo]. E como eu sempre tive a interface e eu e o Léo trabalhamos legalzinho com a placa da PreSonus, usamos o StudioOne como produto de gravação. A gente tinha isso, agora investimos compramos um microfone melhor, um AKG C3000. Montamos um estudiozinho nosso mesmo que é onde a gente chama de Doiizis, que é nossa casa, nossa produção. Doiizis vem de “Indústria Independente”, dois “I”s. É o Rômulo que faz nossa produção visual, o Marcelo Kemp e o João Tebet que trabalha com a gente em tudo que se pode se produzir. Fora nós três do grupo. Assim formamos a Doiizis, que é toda nossa produtora mesmo, tudo o que a gente produz sai dali. A gente infelizmente não mixa e masteriza, porque a gente trabalha com o Felipe Queiroz e algumas traps tão indo com o Luis Café, mas aí são só uns tiros mesmo.
7. Sabemos que vocês, como qualquer grupo de rap independente, começaram sozinhos na correria. Perguntamos: qual o maior desafio para um artista independente, na opinião de vocês?
O maior desafio de um artista independente com certeza é ser independente, mais ainda quando você não faz parte da panela é ser independente aos independentes, tá ligado? A gente sai aqui de Niterói, então tem a galera do SSM que é fechada com os caras do Oriente, a gente fechou com a Caverna do Dragão, mas também não era nossa galera. Então hoje em dia a gente montou nossa própria independência dentro da independência que é o Rap. Porque ou você faz parte alguma panela ou você vive por você. E no nosso caso a gente vive pela gente e ta correndo atrás de ter uma produção boa pra fazer um bagulho bonito como o público merece e como a gente acha que nosso trabalho vale.
8. Como é a agenda de shows do grupo? Vocês ficam mais por Niterói ou costumam atravessar a ponte para o RJ?
Então cara, nossa agenda fica bem restrita a Niterói por enquanto assim tipo já cantamos algumas vezes no Rio com os camaradas do Contra Corrente, que sempre levam a gente. Os muleques são fechados demais com a gente. Então o que eles tão fazendo de show aí a gente ta indo, o que a gente tá fazendo de show aqui estamos trazendo eles. A gente vai fazer um show nosso na Boate Praia num evento de um camarada nosso que botou a gente lá, foi porradão. Mas estamos nessa de expandir já. A gente acaba ficando limitado em Niterói e São Gonçalo que é o nosso público, mas eu boto fé que com os lançamentos das músicas a gente vá chegar lá.
9. Para terminar essa entrevista, quais os planos para o futuro do grupo? Estão trabalhando em algum projeto?
Nosso projeto principal é o “Visita da Consciência”, o nome do nosso CD, que vai sair com 10 a 12 faixas. Até lá a gente vai lançar algumas músicas solos também que não vão fazer parte do CD. E é isso, lançar o trabalho com muito clipe na rua porque a gente tem a nossa produção perfeita pra tudo isso que a gente ta pensando em fazer. Com certeza 2015 vai ser do caralho.
10. Foi um prazer entrevistá-los! Se quiserem, usem esse espaço para mandar um recado para os fãs ou para alguém em especial, fiquem à vontade. Que fique claro que o Raplogia estará sempre de portas abertas para vocês. Um grande abraço e muito sucesso!
Primeiro mesmo queria agradecer a oportunidade. Raul, moleque bom, já deu pra ver que está interessado também. Trabalha sério. Falar pros nossos fãs que 2015 não vai ser como os outros anos: só promessa. A gente vai vir muito pesado. Vocês já estão ligados. Quem é tá vendo o que tá acontecendo. 2015 vai ser muito brabo. É isso meu mano, muito obrigado pelo espaço. Tamo junto.