Uma das mulheres mais importantes do cenário Hip Hop nacional, o Raplogia trocou uma ideia com Cris SNJ sobre negritude, empoderamento e sua carreira.

Há 20 anos na caminhada do rap, Cris que faz parte do SNJ desde 2000, é conhecida por seu discurso forte e contundente, assim como sua militância pelo povo negro e em nome das mulheres.

Pega a visão dessa rainha:

RAPLOGIA: Como foi o início da sua caminhada no Hip Hop? O que despertou a sua paixão por ele?

CRIS SNJ: A adolescência de uma garota negra não é fácil, quando conheci a cultura Hip Hop logo me identifiquei com um dos elementos que é ser MC, fazer rap, música de protesto, com conteúdo que pode salvar vidas, expor ideias e lutar contra o que me achava.

R: Quais foram as mulheres que te inspiraram/ inspiram até hoje?

C: Ângela Davis, Winnie Mandela, Benedita da Silva, algumas rappers americanas e brasileiras que vem de uma linha musical de protesto, Clementina de Jesus, artista como Zezé Mota, escritora Carolina de Jesus, a jornalista Glória Maria, enfim, existem várias, nem dá pra citar todas, entre elas minha irmã Angela e minha mãe Antônia que me inspiram até hoje.

R: Durante toda sua carreira e em várias entrevistas você fala sobre seu trampo ser uma forma de protesto. Como é, pra você, ser mulher, negra, mãe (uma guerreira) e subir nos palcos? Você sente ser uma forma de resistência?

C: Através do meu trabalho tento passar informações pras minas, sei que tem as que se espelham na Cris e que absorve as ideias que passo nas músicas, o mercado hoje até está se abrindo para as negras, estamos quebrando paradigmas de relacionar a negra a simples empregada doméstica, nada contra, mas que pelo menos nos chegue informações necessárias, isso é ser resistência, já que a banalização musical muitas vezes nos encurrala.

R: Como é isso de ser mãe e MC? Houve uma cobrança muito grande sobre você?

C: Existem vários quesitos complicados, mas graças a Deus sou uma mulher de sorte, independente, consegui criar e educar meu filho que respeita meu trabalho e é fã do rap, sempre tive apoio familiar, mas sabemos o quanto a sociedade é cruel com nós negras e sendo MC eles nós veem a margem.

R:Quais foram suas maiores conquistas na sua carreira?

C: Minha maior conquista de hoje, ser uma representante de grande influência para o lugar onde nasci, ou seja, grande parte do extremo dá zona sul situado depois da ponte.

R: Qual a melhor forma, na sua visão, de empoderar a mulher negra?

C: Cantando rap, assim consigo atingir o grande número de pessoas com a minha mensagem.

R: Como foi pra você gravar um trampo solo, como o álbum “Evoluindo através dos tempos”?

C: Foi muito difícil e também voltando a uma das perguntas anteriores, foi uma das grandes conquistas também, para o público do SNJ poder conhecer um pouco mais sobre a Cris.

R: Qual a maior diferença que você nota no público do início dos anos 1990 para o de hoje? Qual um “defeito” e uma “qualidade” que vê nessa mudança?

C: Idade, hoje as coisas são mais fáceis e essa nova geração não valoriza a raiz dá história, são aptos a fazer dinheiro rápido, mas com indiferença de qualquer mudança para quem consome suas músicas.

R: Você já passou por situações machistas no Hip Hop? Como encara essas situações?

C: Sim, depois de 20 anos de experiência você aprende a valorizar a sua pessoa para manter a sua postura onde sua luta e sua causa faça sentido, então essas situações simplesmente rebato com meu trabalho.

R: Como você vê a união das minas no Hip Hop nos dias atuais?

C: Vejo progresso, um grande progresso hoje na caminhada das mulheres, depois dessa união e força com várias vozes femininas.

R: Quais os nomes de minas no Hip Hop nacional que você aponta como estrelas do presente/ futuro?

C: MC Clara Lima, Dory de Oliveira…

R: Para finalizar, deixe um salve para as minas que estão começando na caminhada de seguir seu sonho no Hip Hop.

C: Evolua através dos tempos.

 

Acompanhe o trampo de Cris SNJ no:

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