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Review: Jay Rock se solidifica cada vez mais com 90059

By 7 de novembro de 2015 No Comments

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Top Dawg deixando mais uma vez a sua marca no cenário com dois ótimos projetos em um ano. O primeiro, To Pimp A Butterfly, colocou Kendrick Lamar entre os rappers mais aclamados do jogo – tudo isso sendo um “rapper da nova escola” – e o segundo disco de Jay Rock também fez o seu barulho. É dele que falaremos hoje, 90059, um disco muito consistente que conseguiu mais uma vez mostrar que a gravadora californiana não é só composta por Lamar.

Assim como no primeiro disco, Follow Me Home, Jay Rock deixa suas filosofias sobre a vida no gueto no novo projeto, porém, dessa vez ele procura ser mais cru do que nunca, deixando idéias de peso do começo ao fim do projeto. Artista mais experiente da TDE, o rapper é uma espécie de líder dentro da trupe, e isso é bem mostrado dentro do disco pela forma matura que ele aborda vários assuntos.

Antes de você ouvir 90059, é necessário abrir a mente para projetos experimentais. Ele não é um disco tradicional e destoa completamente do seu antecessor. As batidas variam entre as mais cruas, com influencias de boom-baps, trap, synths, e o bom e velho Rap da costa oeste. Logo na primeira faixa do disco Necessary, Jay a começa soando com um artista sulista – mais precisamente de Atlanta – e logo na intro solta gritos exaltando a sua quebrada através do seu código postal, que nada é menos do que o título do projeto. Wanna Ride segue o mesmo conceito, tendo o refrão de Isaiah Rashad outro elemento retirado do sul. Não é a toa que a concepção da faixa se deu segundo Rock, “para ser uma música de se ouvir no carro e curtindo, como os sulistas.”  Na produção ouvimos produtores que seguem a mesma fórmula de trabalho feita no TPAB de K-Dot, com nomes variados e estilos diferentes um dos outro. Alguns colaboram em grande número nas faixas.

Versatilidade é uma palavra que esteve em minha cabeça durante todo o disco. A facilidade que o rapper lida com diferentes instrumentais é algo notável, e somada a habilidade que ele tem para contar histórias, tudo se torna muito melhor. Todas as histórias têm veracidade em seus versos, e boa parte deles mostram uma perspectiva de alguém sábio, com anos de estrada. Isso se volta para o fato de Jay Rock ser o mais experiente da sua banca. Os rappers da TDE aprenderam a jogar o jogo com ele, e eles certamente ouviram conselhos da mesma perspectiva que ouvimos ele contar histórias das ruas. A fonte bebida pelo rapper? Cito Scarface, Jadakiss, Beanie Siegel com algumas delas. 90059 por se tratar do código postal de onde Rock morou, traz histórias mais pessoais e dependendo do ângulo em que o rapper as viu, mais viscerais possíveis.ROCK2

As músicas de destaque são na maioria singles, Gumbo bate pesado usando um prato culinário como metáfora para falar do cenário do Rap, Easy Bake tem uma ótima troca de versos entre Kendrick e Rock, e quando a faixa quebra para sua segunda parte, temos uma inspirada SZA honrando seu contrato com a TDE. E falando na gravadora, Vice City é a posse-cut pesadíssima do Black Hippy, com versos estruturados de maneira geniosa e havendo uma boa participação de todos do coletivo. A idéia de Money Tree Deuce também é bem executada – contando com o alter-ego do rapper, Lance Skiiiwalker -, e diferente de uma franquia de filmes em que o segundo filme é sempre o ruim, essa faixa mantém o mesmo nível da primeira lançada em 2012 no aclamado GKMC.

Certamente um dos melhores projetos soltos em 2015, se destacando pela coesão de técnicas, talento e experiência. Particularmente gostei muito mais desse disco do que Follow Me Home, principalmente pelo fator produção – sem desmerecer o outro, é claro. A saudável competição dentro da TDE nos presenteia mais uma vez com um belo trabalho.

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Jhonatan Rodrigues

Jhonatan Rodrigues

Fundador do Raplogia em 2011. Ex-escritor do Rapevolusom e ex-Genius Brasil. Me encontre no Twitter falando sobre rap: @JhonatanakaJoe