O novo disco de A$AP Rocky passou por diversas fases até chegar no que foi lançado no início do mês. Se compararmos o que o rapper fez no projeto com o primeiro single, Multiply, que não chegou nem a entrar no disco, o negócio ficou bastante diferente. Mas isso não espanta. Rocky passou por poucas e boas desde o lançamento e anúncio do disco A.L.L.A., sendo que o fator mais influenciador na sua carreira ocorreu nesse tempo: a morte do seu melhor amigo e manager, A$AP Yams. Yams era uma mente criativa atrás de toda a A$AP Mob, mas principalmente de Rocky. Resquícios da mente de Yams estão nesse disco, e é isso e muito mais que iremos ver na resenha de A.L.L.A.
As surpresas do disco claramente são as colaborações de Rocky com artistas como os desconhecidos Bones e Joe Fox. Em Canal St., o rapper adiciona seus próprios versos em uma música lançada por Bones tempos atrás, Dirt. O refrão permanece o mesmo. Os vocais de Bones foram regravados em um estúdio junto à Rocky. Já em Holy Ghost, Fine Whine, Max B e Pharsyde, Rocky colabora com Joe Fox, um artista de tremendo talento que até alguns anos atrás morava na rua. Bela descoberta. Os dois tiveram uma ótima química, tanto que se listarmos as melhores faixas do disco, as faixas com Fox estarão entre as melhores. Mas além de artistas desconhecidos, A.L.L.A. também conta com artistas consagrados como o duo UGK, aonde ouvimos um verso inédito do falecido Pimp C em uma faixa bem sulista (minha favorita no disco), que ainda conta com Juicy J; ouvimos também Lil’ Wayne em um grande momento – coisa que não acontece há tempos -, rimando na faixa M’s. Se ouvirmos mixtapes antigas de Rocky, podemos notar uma certa influência do rapper do Harlem em Weezy; deve ter sido um baita sonho realizado gravar com o rapper de Nova Orleans. Kanye West está na mediana Jukebox Joints, uma faixa que podia ter rendido mais, afinal, são dois artistas que criaram as maiores tendências nos últimos anos, seja no Rap ou na área fashion; Fine Whine é uma surpresa, afinal, é uma combinação bastante excêntrica. Com Future, M.I.A. e Joe Fox, ela consegue nos atingir em cheio com uma vibe bastante diferente. O melhor verso, incrivelmente, é o de Future; Everyday é outra faixa de destaque, produzida pelo polivalente produtor Mark Ranson, que é profundamente envolvido com alguns rappers nos últimos anos, a faixa é bem interessante. O produtor que havia produzido o principal single do disco de Action Bronson no início do ano, Baby Blue, emplaca mais uma grande faixa nos mesmos moldes, refrão e um som mais suave do que o resto do disco. A faixa que fecha o disco é uma curiosa colaboração entre Rocky e Mos Def (creditado com exatamente esse nome, e não Yasiin Bey). É uma faixa que relaciona muito bem esse estilo do Rocky com o que Mos Def já fez. Em momentos a faixa me lembra das produçoes do último disco de Mos, The Ecstatic. Back Home termina com vocais de A$AP Yams, fechando com chave de ouro o projeto.
Rocky juntou um time de produtores bastante diferenciado, contando como nomes principais no projeto temos DangerMouse e Hector Delgado, que estão presente em diversas faixas. O projeto com nome inspirado no rapper Rakim demonstra uma diferente faceta do último disco de Rocky, é mais psicodélico e abusa de letras mais profundas, mas que não fogem muito do padrão já conhecido pelos ouvintes dos trabalhos de Rocky. Ele não é um MC tão técnico como J.Cole ou Kendrick Lamar, mas a sua musicalidade é notável. A.L.L.A. sai em várias horas daquela onda sulista que o rapper sempre fez questão de trazer ao seu Rap desde o começo de sua carreira e busca expandir mais a sonoridade da música do artista.
O disco traz bangers para clubes, músicas mais introspectivas aonde Rocky chega a cantar, músicas para as ruas explorando a temática das drogas, mulheres e carros, além de suas famosas e recentes críticas sobre o jogo e sobre ser um criador de tendências. Liricamente é um disco que se sobressai perante ao seu antecessor, Holy Ghost, L$D e Max B são algumas das faixas que mostram isso.
É um projeto bastante interessante, que quando ouvi pela primeira vez preferi ele ao antecessor, Long. Live. A$AP, que foi lançado em 2013. Mas após boas ouvidas, chego a conclusão que prefiro realmente o antecessor. É um disco com alta musicalidade, com um grande ponto sendo a sua produção. Mas o disco anterior traz um conjunto muito melhor e tem mais identidade. Mas nada muito sério, pois provavelmente o disco entrará em listas de melhores do ano. Faço minhas as palavras de Yams; A$AP, bitch!