Ouvir Mr. Wonderful é passar por uma gigantesca misturas de sons vindas de uma mente extremamente criativa. Em seu segundo disco, Action Bronson constrói um projeto extremamente consistente, que veio bater de frente com os grandes lançamentos recentes.
Não é errado comparar o disco de Bronsolini com o de Kendrick Lamar. O peso lírico pode não ser o mesmo, mas Arian tem um projeto com a mesma musicalidade. Bebendo bastante do jazz e do blues, Mr. Wonderful consegue nos entreter com as aventuras narradas por Bronson. Ele passa por problemas – que são reais – com uma garota, o fato de prover grana para a sua querida mãe, misturando isso com um divertido bragadoccio e rimas bobas falando sobre comida, carros, filmes. E falando em filmes, cultura pop desse tipo é o que não falta no projeto. Bronson respira coisas do tipo, juntando isso à um excêntrico gosto pelas coisas que o torna um dos caras mais originais do Rap hoje em dia. Afinal, não é qualquer um que vai até as rádios fazer freestyles com um boné dos Looney Tunes, certo? E é essa carismática figura chamada Action Bronson que deixa o disco bastante animador. Ele costuma narrar histórias sem uma sequência muito linear, ele apenas solta fatos e nós vamos costurando a história em nossa mente. É assim em Baby Blue, uma das melhores faixas do disco – além de ser o single principal do projeto.
Mr. Wonderful tem grandes faixas, destaco Actin Crazy, Brand New Car, City Boy Blues, Baby Blue, A light in the Addict – as três tem um conceito parecido – além de Easy Rider. São minhas faixas favoritas, que não tiram o brilho das outras. O projeto é um conjunto muito bom, e não tem muitos pontos baixos. No quesito produção, mais uma vez vemos que Bronson tem um bom ouvido. As produções no disco não são simples, são bem trabalhadas, complexas e muitas tem vários elementos bem diferentes do comum. Brand New Car por exemplo, tem Mark Ronson colocando riffs de guitarra na produção sobre um sample de Zanzibar, de Billy Joel. Mark também está na produção de Baby Blue. As duas faixas feitas por ele se diferenciam sobre todo o disco, soando como algo muito além do Rap. Mas Bronson não esquece que é um rapper do Queens, e no disco tem muito Rap. Statik Selektah, The Alchemist, Oh No, 88 Keys, também estão no disco para deixar as coisas como devem ser. Destaque também para os já frequentes colaboradores de Bronson, o duo Party Supplies. O disco explora muito bem bastante produções diferentes, mas todas com a cara de Bronsoliñi.
Não preciso fazer as considerações finais depois de tantos elogios, certo? Mr. Wonderful é um baita disco, uma boa pedida, e certamente um dos melhores discos do ano até agora.