O novo projeto de Common nos traz um clima tremendamente pesado. O rapper de Chicago não costuma fazer discos desse tipo, mas ele certamente viu necessidade nisso. Chi-town passa por uma onda de terror. Gangues com jovens se enfrentam todo dia, fazendo a cidade dos ventos parecer um campo de guerra. Não é à toa que os jovens apelidaram a cidade de Chiraq, fazendo uma alusão ao Iraque. Um dos maiores nomes do Rap da cidade fez do seu último projeto um relato do que está rolando por lá. O conceito de Nobody’s Smiling já está no título do disco, “ninguém está sorrindo” em Chicago. Com toda a classe de No I.D. na produção, Common nos trouxe um dos melhores projetos do ano. Consistente, e pesado, o disco é a definição de bom Rap. Sem contar que este é o melhor disco de Common desde Be, de 2005.
A temática é obscura, mas Common e No I.D. conseguem mesclar o clima na produção. Mas não sai disso. A linhagem lírica se trata de Common falando disso, a violência. E uma das coisas interessantes do projeto, é ele ter chamado artistas locais para as colaborações. Muitos deles desconhecidos. Ato que deixou o disco muito mais original, e com a proposta que ele queria passar muito mais notável.
Existem vários pontos altos no disco, um deles é a faixa Kingdom como Vince Staples. Faixa em que Common expressa muito bem o que quer passar. Fala das ruas, dos assassinatos em Chicago. Ele continua o mesmo rapper consciente de anos atrás, mesmo rimando no maior estilo bragadoccio em faixas como Diamonds, com Big Sean. Faixa que me surpreendeu. Big Sean fez um bom serviço. Liricamente, Common está perfeito e é o que podemos ver na maioria do projeto. Eu sentia falta dele indo fundo em suas rimas assim, colocando a real emoção que costumamos sentir quando ele rimava. A carreira de Common mudou muito, e o Rap parece ter ficado como um segundo plano, mesmo lançando discos constantemente. Eu vejo que com Nobody’s Smiling, ele voltou de vez e ainda tem muita lenha para queimar. Afinal, estamos falando de uma lenda.
A produção ficou a cargo de No I.D., que não decepcionou. As batidas se mesclam bastante de acordo com o teor da música. Mas o produtor consegue passar uma profundidade tremenda, assim como Common faz nos vocais.
O disco está ótimo, claro que tem uma ou duas músicas que podem ser taxadas como “fracas”, mas elas não atrapalham a riqueza do novo disco de Common, que além de um disco de Rap, é um pedido de paz.