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Review: Dr. Dre está de volta com Compton: A Soundtrack

By 22 de agosto de 2015 No Comments

Foram dezesseis anos de expectativas de um novo projeto de Andre Young. 2001 havia trazido uma nova legião de fãs e apresentado novos e emergentes artistas no cenário. Logo após o estrondoso sucesso, Dre engajou uma carreira de empreendedor bem sucedida, mas mesmo assim, não deixou de anunciar a sequência de 2001, um projeto até então intitulado Detox, que viveu rumores atrás de rumores desde o início da década passada. Não é raro você ir em sites mais antigos e ver notícias sobre um lançamento próximo do até então novo disco de Dr. Dre.

Dre virou bilionário, e nós não ganhamos nada com isso além de alguns singles soltos anos atrás – Kush & I Need A Doctor –, que faziam parecer que Detox estava próximo. O filme do N.W.A. certamente atrapalhou a produção do projeto, mas foi dali que saiu o primeiro disco do rapper/produtor em 16 anos. Detox foi descartado, e em seu lugar ganhamos Compton: A Soundtrack, lançado quase sem nenhum aviso prévio – apenas em uma entrevista de Ice Cube sobre o filme, na qual ele revela o lançamento uma semana antes. A declaração se tornou real, e Compton, como é chamado, acabou sendo oficialmente o terceiro disco de Dr. Dre.

Inspirado no N.W.A. e visando principalmente ser a soundtrack oficial para o filme, o disco de Dr. Dre traz várias surpresas em suas 16 faixas. O artista Anderson.Paak é uma delas. O cantor participa de cerca de cinco faixas no disco, sendo destaque em quase todas elas. Misturando um pouco de R&B com soul e Rap em uma voz bastante diferenciada, ele é mais uma descoberta do doutor. Além disso, escalar Paak para o disco faz ser notável que Dre ainda tem os seus ouvidos para as ruas de Los Angeles, já que o cantor vem do mesmo lugar em que o produtor teve base em toda a sua carreira, como todos sabem. Outras surpresas tem nomes já conhecidos, entre elas temos um verso extremamente consistente de Eminem, lembrando os tempos áureos; o verso de Game, que me deixou bastante ansioso para o Documentary 2; e os dois versos de Snoop, que não são nada comparados a sua recente carreira. Compton tem vários artistas desconhecidos como colaboração, e todos tem uma grande participação. Além de Paak, temos Justus com boa participação e a cantora Marsha Ambrosius, que deu um clima bem legal em suas participações.

Quando se trata de letras, Dr. Dre é uma incógnita. O produtor nunca escondeu que não é ele que escreve as próprias letras, porém existem casos que ele se dá ao luxo de escrevê-­las. Em Compton, não sabemos por enquanto quais são letras de Dr. Dre, e quais são de outros rappers. É de se imaginar que artistas como Kendrick Lamar, Game e Eminem escreveram para Dre no projeto. Mas esquecendo isso, podemos falar da entrega de Dr. Dre quando se trata de cospir as rimas. Seu flow marcante anima bastante durante todo o disco, e não é nada parecido como os discos anteriores. Dre estava realmente querendo entregar algo novo com Compton. O destaque, como esperado, é da produção do projeto. Ouvimos um Dre mais moderno, variando produções e criando algo mais sintetizado do que cru. Não é raro ouvir artistas com efeitos em suas vozes no disco, principalmente quando se trata de artistas que estão nos refrões. Em questão de comparação com os clássicos The Chronic e 2001, Compton não chega perto e nem se parece com nenhum desses projetos. Não tem grandes influências do g­-funk como o Chronic ou de qualquer coisa parecida com 2001, seja nos instrumentais ou técnicas.

Compton é um disco mais maduro, serve como celebração de uma vida cheia de altos e baixos vivida por Dre e seus colegas vindos do dito “bairro mais perigoso do mundo.” Dre traça paralelos entre o Rap com e sem a sua presença durante esses longos dezesseis anos. Com nada a provar, Dre certamente fez um projeto que ele sentiu que seria a hora de ser lançado, não houve pressão – tanto que o disco Detox foi descartado literalmente – e o disco foi lançado na hora em que ele quis. Perto do que se esperava na volta do hiato solo de Dre, Compton é um disco bem simples, mas nos moldes da atual cena é um projeto bem interessante. Cansa às vezes por soar em algumas vezes parecido, com a mesma fórmula, mas é um projeto bom para ouvir e que não vai destoar do filme Straight Outta Compton nem um pouco.

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Jhonatan Rodrigues

Jhonatan Rodrigues

Fundador do Raplogia em 2011. Ex-escritor do Rapevolusom e ex-Genius Brasil. Me encontre no Twitter falando sobre rap: @JhonatanakaJoe