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Review: Freddie Gibbs & Madlib – Piñata

By 23 de março de 2014 No Comments

Front

 “…You wanna be Jay-Z? Nigga you just a fucking puppet…”

Com um conhecimento musical impecável e uma discografia interminável, Otis Jackson Jr. é um dos melhores nomes quando se trata de produção no Rap. São mais de vinte anos de carreira produzindo o que há de melhor no cenário, e o melhor de hoje, é Freddie Gibbs.

A união entre o produtor de Oxnard, Califórnia, que trabalhou com artistas como J Dilla e MF DOOM, com o rapper de Gary, Indiana, é um tanto inusitada se estudarmos os trabalhos anteriores de Freddie Gibbs. Inusitada, porém, não poderia soar melhor. Piñata é uma obra-prima.

Lançado pela Madlib Invazion, Piñata é o quarto trabalho de Gibbs e Madlib – os dois vem trabalhando no disco há três anos, todo esse tempo rendeu três pequenos EPs. Um disco que assusta pelas participações de grande porte que parecem ter sido escolhidas a dedo por Freddie, e que dificilmente estariam todas reunidas em um disco lançado de maneira independente. O projeto foi feito a distância pelos dois, Madlib mandava os beats, Gibbs escolhia os quais queria rimar e gravava, os mandando novamente para Madlib para a finalização. Essa distância não atrapalhou a química que Piñata tem em suas 17 faixas (mais quatro bônus).

Gibbs é bastante selvagem em suas rimas. Ele rima sobre drogas, o Rap, tráfico e até sobre seu contrato com Jeezy. Essa última ocorre na faixa “Real“, e é extremamente pesada. Fazia um certo tempo que eu não ouvia um diss-track que realmente atacasse o outro rapper em pontos relevantes, no caso de Jeezy, a falsidade e a desonestidade em relação ao contrato de Gibbs com o selo dele. É uma das minhas músicas favoritas junto a “Shitsville“, faixa na qual ele fala da cidade de Gary, se referindo a cidade como uma cidade perigosa/ruim. Podemos ver uma relação nas rimas dele com o cenário do Rap. É difícil escolher uma faixa favorita no projeto, pois o storytelling e técnicas de Gibbs estão refinadas ao máximo. Mas a que menos me chamou a atenção foi “Robes“, com Domo Genesis e Earl Sweatshirt. Há algo sobre Earl que não me agrada, e não foi diferente aqui. O que podemos dizer é que um dos destaques é a posse cut “Piñata“, com Domo Genesis, G-Wiz, Casey Veggies, Sulaiman, Meechy Darko e Mac Miller. Me lembrou “1 Train” de A$AP Rocky por se tratar claro de uma posse cut com rappers de qualidade. Qualidade que permanece em todas as participações do disco.

Sobre a produção, só podemos elogiar. Madlib continua em forma mesmo após vinte anos de carreira, trabalhando com inúmeros artistas. Seu conhecimento para samples é definitivamente um dos melhores da história, e em Piñata ele deixa bem claro que continua com ele. O disco é cheio de twists de samples incríveis que quase explodiram a minha mente. É um disco que nesse quesito, vai levar um bom tempo para ser estudado.

Piñata é o melhor disco do ano até agora, e certamente irá figurar no Top 5 de muitos até o fim de 2014. Uma união inusitada, mas que pega fogo nesse disco. Química tremenda entre Gangsta Gibbs e Madlib. Por favor, ouçam Piñata.

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Jhonatan Rodrigues

Jhonatan Rodrigues

Fundador do Raplogia em 2011. Ex-escritor do Rapevolusom e ex-Genius Brasil. Me encontre no Twitter falando sobre rap: @JhonatanakaJoe