Desde que saiu da cadeia em Maio, Gucci Mane vem sendo um dos artistas que mais produziu no cenário. A popularidade do rapper de Atlanta é algo extraordinário, e com a popularidade do trap ela vem crescendo cada vez mais.
Em seu nono disco, Everybody Lookin’, Guwop mostra a razão de ser considerado o rei do trap. A autenticidade do artista em seu trabalho é inegável, em um estilo tão repetitivo, Gucci consegue se sobressair com uma divertida narrativa e uma personalidade extrovertida. Essas facetas estão em todos os discos e mixtapes da sua carreira. É complicado você saber se o assunto que o rapper está rimando trata-se de verdade ou uma mentira aumentada, com Gucci, é diferente. Grande parte dos seus relatos foram ou são vividos por ele, é só procurarmos ler entrevistas ou perfis do artista.
Lançado pela Atlantic e pelo próprio selo de Gucci, a Guwop Enterprises, o disco feito em seis dias traz uma surpreendente sensação de grandiosidade graças as colaborações e produções. Quando Gucci foi preso, grande parte dos produtores do seu disco tinham apenas reconhecimento local. Zaytoven e Mike Will Made-It hoje tem seus nomes marcados em inúmeros hits lançados no intervalo da prisão do rapper. É claro que os dois já tinham uma longa caminhada, principalmente o primeiro, que é um dos grandes produtores de Atlanta, mas em Everybody Lookin’ eles chegam com uma nova imagem na carreira, o que ajuda muito o projeto.
Ouvir o trap de Gucci Mane é sentir que durante esses anos os novos artistas do subgênero eram apenas genéricos, e o grande rei do pedaço, voltou trazendo a originalidade novamente. Analisar as letras do rapper é uma atividade não muito difícil, afinal, ele é bem simples nos seus assuntos que vão do bragadoccio aos sons para clubes. Sua técnica está no ponto, apesar da simplicidade dentro dela. Mas o que falar dele? Sua personalidade e senso de humor falam por si nas músicas. Um exemplo disso é em “Pussy Print”, com Kanye West, quando ele declara que ambos são narcisistas. “And I only featured Kanye/Cause we both some fuckin’ narcissists,” solta o rapper.
Do início ao fim do trabalho, ouvimos um flow de Gucci muito mais versátil do que qualquer outra época de sua carreira. Gucci Please traz um refrão repetitivo com o rapper e uma voz mais suave, o que é bastante cômico. Em grande parte do disco, ele usa vocais mais agressivos, porém, mais cadenciados, no estilo que fez sua carreira. As faixas que destaco são: “No Sleep“, que é a intro do projeto, onde Gucci já mostra ao que veio; “Waybach“, que traz o estilo já conhecido do rapper de volta; “Pussy Print” matou uma curiosidade minha, que era ver ele e Kanye West juntos, o que ficou muito interessante – grande parte disso devido a personalidade de ambos; “Guwop Home” é bastante simbólica, com duas gerações de Atlanta em uma só faixa.
O disco é repleto de pontos altos e baixos, como a repetição, mas não deve ser levado tão a sério, deve ser algo que faça o fã dessa grande figura do rap se entreter e que os novos fãs conheçam quem realmente manda no trap. É uma celebração, Gucci está de volta!