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Review: The Weeknd – Starboy

By 4 de dezembro de 2016 No Comments

Cantor flerta com o pop e o disco na reflexão sobre a vida de estrela 

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Por Frederico de Barros

Assim como o conterrâneo canadense Drake, The Weeknd tem uma carreira estratosférica. De House of Ballons até o recém lançado Starboy se passaram somente cinco anos. Em 2011, Abel Tesfaye disponibilizou na internet a mixtape que o tornaria conhecido. As duas mixtapes seguintes, Thursday e Echoes Of Silence, foram igualmente bem recebidas pelo público que se encantava com aquele cantor praticamente desconhecido. Não havia qualquer entrevista ou declaração sua em jornais ou revistas e as fotos existentes mal mostravam o seu rosto, sempre com um efeito retro, o que atiçava ainda mais a curiosidade dos fãs. Para finalizar, The Weeknd trazia uma sonoridade completamente diferente daquela vista no momento, misturando batidas fortes com letras melancólicas.

De lá pra cá, o cantor lançou Trilogy, uma releitura das três mixtapes, Kissland e Beauty Behind The Madness, onde ele já refletia sobre a fama. Enquanto em BBTM ele parece resistir aos encantos da vida de estrela e daquilo que ela o faz abdicar, em Starboy ele a aceita completamente. A diferença fica clara quando comparamos a batida e a letra de “Real Life” com “Starboy”. O próprio clipe de “Real Life” traz um Abel arrependido de suas decisões e da vida real que o aguarda. A coincidência fica por conta da morte do próprio nos vídeos dos dois singles. No clipe de “Starboy” – bem mais comercial -, o canadense aceita os benefícios de uma vida luxuosa que compensam o vazio de ser um garoto de ouro para a indústria musical. Isso tudo em uma parceria exitosa com o Daft Punk.

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A segunda música é “Party Monster”, que mais se assemelha com uma club banger, com um refrão chiclete e dois versos na medida. Uma faixa consistente, bem produzida e que lembra de longe o estilo das suas três mixtapes. A música que a sucede é “False Alarm”, um single, portanto, também comercial. No entanto, não é uma canção ruim, apesar de simples. Cativante e envolvente, é um dos pontos altos do trabalho. “Reminder” é a quarta música do trabalho. Ao contrário da antecessora, não é nada cativante e quebra o ritmo que havia sido criado até então. Não se trata de uma canção ruim, apenas parece não ter conexão alguma com a narrativa anterior.

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A prova disso é de que “Rockin'”, que segue a lista, não tem ligação nenhuma com “Reminder”. Ao contrário: traz uma balada disco oitentista, com dois versos pequenos, seguidos de dois pré-chorus e dois refrãos que apostam nesse estilo. Aqui vai um adendo: ainda que a qualidade seja inegável, é um tanto quanto inesperado ver Abel fazer uma balada tão dançante e pop, ainda que anteriormente tenha flertado com o estilo ao lançar “Can’t Feel My Face”. Acostumado com essa sonoridade, o ouvinte passa por Secrets, que segue nesse mesmo estilo. Melhor elaborada, com vocais na medida e uma batida interessante, lembra, de longe, Michael Jackson e Justin Timberlake em seus melhores momentos.

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A que sucede “Secrets é True Colors”, uma balada lenta romântica, que tem como tema central a confiança, segredos e outros elementos de uma relação amorosa. “Stargirl Interlude”, com a rápida participação de Lana Del Rey, encerra um estágio no projeto que contém 18 faixas. Não chega a acrescentar muito, mas cumpre o seu papel de transição para a parte seguinte do trabalho, mais concentrado em batidas secas e rimas. Sidewalks, com a participação de Kendrick Lamar, inaugura essa nova etapa com maestria. É a faixa mais puxada para o hip hop (até mesmo por ter um verso de um rapper nela). O mesmo estilo é seguido na faixa que a sucede, “Six Feet Under”, que tem a participação do rapper Future no refrão. Outra boa faixa, que conquista pelo chorus cativante e chiclete, de fácil memorização.

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Em “Love To Lay”, Abel volta a flertar com o disco e o pop. É uma forte candidata a se tornar a preferida dos djs e das baladas e cumpre bem seu papel, preparando o ouvinte para A “Lonely Night”, outra com batida pop, que traz a nostalgia dos anos 80.  “Attention” é uma canção intimista, que lembra “Valerie”, só que com mais animosidade. Pode se dizer que ela inaugura a última etapa da obra, mais intimista e romântica. “Ordinary Life” volta a questionar o que a fama traz de bom e ruim, embalada por uma produção pegajosa. Na versão mais intimista da reta final, chegamos a “Nothing Without You”, uma declaração de amor que, apesar da tristeza, é embalada com um refrão vibrante.

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“All I Know” traz novamente Future no refrão e com um verso longo. Uma música estilo club banger, que contrasta com a letra suave. “Die For You”, que segue, nem parece se tratar de uma canção romântica, dada a batida, porém cumpre o papel de preparar o ouvinte para o final do álbum, que fica a cargo de “I Feel It Coming”, novamente com a participação de Daft Punk.

Talvez o título da faixa seja um anúncio sobre a fase que está por chegar e é inaugurada com Starboy. The Weeknd é um dos raros casos de artistas que surgiram com um som muito bem definido. Aos poucos, as divagações sobre o uso de drogas e os relacionamentos complicados foram dando lugar a um artista mais pop, visto que o seu trabalho se tornou conhecido mundialmente. Ao mesmo tempo que é compreensível entender que um artista não repetirá a mesma sonoridade durante toda a sua carreira, é estranho vê-lo com quase que os dois pés no pop e no disco. Starboy parece ser uma reflexão ansiosa e apressada da identidade pós-fama e, portanto, carrega um novo estilo. O novo trabalho não é ruim e mostra um Abel que abre um leque de estilos. Ainda assim, parece não ter a essência dos outros álbuns até então lançados, ainda que aborde os mesmos assuntos. No novo cd, que inaugura um novo momento em sua carreira, essa reflexão se dá numa pista de dança, às três da manhã, em uma festa qualquer de Hollywood.

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Jhonatan Rodrigues

Jhonatan Rodrigues

Fundador do Raplogia em 2011. Ex-escritor do Rapevolusom e ex-Genius Brasil. Me encontre no Twitter falando sobre rap: @JhonatanakaJoe