Junho de 2018 marca os 22 anos do primeiro disco da dupla Heltah Skeltah, oriundos de um Brooklyn em chamas pela violência e a questão racial.

 

Falar de Heltah Skeltah é lembrar da memória de Sean Price, que morreu aos 43 anos enquanto dormia, em 2015.

Sean Price que, em 1996, ainda era Ruck, ao lado de seu parceiro Rock, compondo o Heltah Skeltah, nome esse que vamos falar mais a frente, pois trás um grande significado para a dupla que marcou a cena underground de Nova York. Junto dos grupos Buckshot, Smif-N-Wessun, OGC, Top Dog, e Louieville Sluggah formavam o supergrupo “Boot Camp Clik”.
Boot Camp Click

Boot Camp Click

Mas, a história começa lá em 1995, com a participação do Heltah nos singles “Wontime”, “Cession at da Doghillee” e “Let’s Git It On”, do disco “Dah Shinin’, de Smif-N-Wessun.

 

Heltah Skeltah acabou se juntando ao grupo O.G.C. para dar origem ao grupo “The Fab 5″(Temos aqui uma referência aos Beatles, então guardem essa informação!), que chegou ao Billboard Hot 100, no mesmo ano.
The Fab 5

The Fab 5

Algum tempo depois, ambos os grupos se separaram, e cada um deles produziu o seu disco de estréia, sendo O.G.C com “Da Storm” e Heltah Skeltah com seu aclamado “Nocturnal”, Mas, ainda é necessário falar com mais detalhes sobre o surgimento de Heltah Skeltah e origem do nome.
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Helter Skelter”, Beatles e a tragédia de Charles Manson
O primeiro registro da palavra “Helter Skelter” foi no romance de 1592, “4 cartas confutadas”, do dramaturgo inglês Thomas Nashe (“Helter skelter, não tenha cores, siga-o, trucide-o”).
A palavra tem uma conotação relacionada a algo como “pressa desordenada ou confusão”, oriunda do romance inglês.

 

Agora vamos para 1967, com o lançamento da canção “I can see for miles”, da banda The Who. Essa canção foi considerada pelo guitarrista Pete Twonshend (Compositor de “I can see for miles”) como “a mais alta, suja e barulhenta que o The Who já tinha feito”. Paul McCartney, ao ler essa entrevista, disse que a canção não era tão barulhenta assim, pois era um “barulho organizado”. Com isso, tratou de criar ele mesmo sua própria obra “mais suja e barulhenta ja vista”, e deu a canção o nome de “Helter Skelter”.

 

“Helter Skelter”, em Londres, é também o nome de um brinquedo assemelhado a um escorregador, e esse é, basicamente, o conceito da canção de Paul, e consequentemente, dos Beatles (“When I get to the bottom, I go back to the top of the slide / Where I stop and turn and I go for a ride / Till I get to the bottom and I see you again .. “).

 

A música, segundo Paul, é uma metáfora sobre a queda do Império Romano, Império esse que estava no topo e teve o seu declínio.

 

De forma geral, pode ser uma metáfora com os altos e baixos da vida, da carreira, do amor, e enfim, sobre todas as formas de cair e se levantar

 

Agora, vamos para 1969: Charles Manson, ex-cafetão, músico e líder de uma seita supremacista branca, conduz a “Família Manson” – assim chamados os adeptos de sua seita, para um massacre. Apesar de Charles não estar presente nos atos, ele foi o fio condutor da trama, direcionando os fanáticos até a casa de Roman Polanski, assassinando sua esposa e mais 4 amigos do famoso Diretor de Cinema. No dia seguinte, o grupo invadiu a casa de e Rosemary e Leno LaBianca, assassinando o casal. Nas paredes da casa, o grupo escreveu, com o sangue as vitimas, as frases “Death to pigs“, “Rise” e … “Helter Skelter”.

 

Todos esses termos tem ligação com músicas dos Beatles, e esse foi o estopim para o ínício das teorias conspiratórias a cerca dos assassinatos, dando uma idéia de que “Helter Skelter” foi o aviso para que a seita de Manson iniciasse sua “Guerra racial” contra os afro-americanos. A morte de brancos famosos era o sinal que eles aguardavam, segundo registros e depoimentos, e a música foi a resposta que eles aguardavam, mesmo que sua letra não tivesse a menor conotação política ou racial. Ou seja, “Helter Skelter”, segundo a seita, seria a Guerra Racial apocalíptica que surgiria das tensões entre negros e brancos.

“Família Charles Manson” durante julgamento de seu lidar.

Tá, mas o que isso tem a ver com Heltal Skeltah e “Nocturnal”?
Pra explicar isso, preciso avançar até a terceira faixa do disco, “Undastand”.

 

Atravessando todo o conceito do disco girando em torno da sujeira, barulho, violência e sobrevivência das ruas do Brooklyn (o que podemos associar com o próprio conceito da canção dos Beatles, no que diz respeito ao barulho e a bagunça, bem como ao conceito de “pressa desordenada e confusão” da origem do termo), a faixa trás algumas frases que dão alguma luz sobre o conceito co-relacionado do disco e essas teorias, histórias e influências:
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“Heltah Skeltah only mean war! Undastand, the war’s with everything outside your door
Undastand, I be R-O, he be R-U, Undastand (It can happen to you)”.
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No refrão da música, Rock e Ruck falam sobre como o Heltah Skeltah significa somente guerra, podendo ela estar do lado de fora da sua porta, ou seja, ela pode vir até você (ou qualquer um que esteja ouvindo o som).

 

Apenas o primeiro verso já trás a analogia com a guerra racial da qual Manson falava para seus seguidores nos meses que antecederam os assassinatos.
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“Heltah Skeltah start stormin, Ya up for dreamin it’s mornin, I’m warnin .. “
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Stormin” pode vir de “storm”, tempestade, como também pode vir de “storming”, assalto. De qualquer maneira, Ruck diz que Hehtah Skeltah inicia a tempestade, ou o assalto. Ou iniciar essa guerra, como um contra-ataque. A linha seguinte diz algo como “Você está sonhando, é manhã, estou advertindo”, mais uma metáfora sobre o aviso do início da guerra.

 

E, por fim, a última linha do primeiro verso de Ruck:
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“Decoys roam, but they can’t mess with my people
He who steps to the Ruckus recognize that I be lethal
My gats spits at wack [niggas] blacks get, tactics
Make it hard for any infiltrator to attack this”
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“Docoys” significa “Chamariz”, que é uma espécie de pássaro usado por caçadores para atrair mamíferos ou outros pássaros, afim de abater estes animais. No geral, Ruck diz que os chamarizes rondam, mas não podem mexer com o seu povo, e que seus parceiros cospem (ou mesmo agridem) pessoas malucas, tornando difícil ataca-los

 

Teorias e mais teorias, mas fica a reflexão sobre as analogias usadas com inteligência pela dupla, dona de uma lírica absurda. Essa ideia inicial serve para que vocês podem entender mais da questão violência do disco, e como uma forma de discussão sobre todos os poréns envolvidos. Pra quem gosta de Teorias da Conspiração, fica a fagulha para entender mais o caso.

“Nocturnal” é o Brooklyn sufocante da era 1930-1990
Brownsville é um bairro localizado no Brooklyn, que foi predominantemente judeu entre 1880 e 1950, sendo apelidada de “Pequena Jerusalem”.

 

Entre os anos 30 e 40, alcançou notoriedade após registrar mais de 1000 assassinatos cometidos pelo crime organizado Judaico-Americano. Após os anos 30, o bairro começou a ser composto majoritariamente pelas comunidades afro-americanas e latinas, muito disso pelo êxodo afro-americano de pessoas oriundas do Sul, onde o racismo era muito forte, baseado nas leis de Jim Crow.

 

Em 1970, após protestos pacíficos contra a redução de investimentos no Medicad, um fundo de assistência para pessoas de baixa renda e prevenção as drogas, mais de 100 incêndios foram registrados no bairro em uma única noite, além de saques, confrontos entre manifestantes e a polícia local, fazendo do Brooklyn um verdadeiro inferno.

 

É nesse cenário que, em 1996, surge “Nocturnal”, com Rock e Ruck nascidos no bairro, e lidando com toda essa turbulência vivida pelas comunidades pobres e racialmente oprimidas.

 

 Menina brincando nos escombros, em 1980 Foto:Perla de Leon

Menina brincando nos escombros. Nova York, 1980 Foto:Perla de Leon

Lançado pela gravadora Duck Down Records, “Nocturnal” vendeu mais de 250 mil cópias, e logo se tornou um grande clássico do underground da Costa Leste.

 

A produção ficou quase totalmente por conta da dupla Da Beatminerz, com participação de Shaleek, Buckshot, Lord Jamar e vários outros produtores. Foi um dos grandes feitos do supergrupo Boot Camp Click, talvez o álbum de maior expressão do coletivo, chegando ao status de lenda e aparecendo na quinta posição do Top R&B/Hip-Hop Albuns, da Billboard, e vários singles também sendo registrados nessas listas.

 

O que mais me atrai no disco é uma mescla de Gangsta Rap com uma produção que não chega a se aprofundar nesse universo, soando muito mais com o que chamam de “underground hip-hop”. Ruck é, pra mim, o grande personagem dessa obra no que se refere a sua entrega, sua violência na levada, uma dicção que é quase como um ensinamento de palavra por palavra de suas rimas e uma explosão impactante. Rock é a mente lírica do grupo, onde trás rimas extremamente inteligentes e sagazes, e isso é o que me faz entender “Nocturnal” diferente de todos os outros clássicos de Nova York.
Rock & Ruck (Heltah Skeltah)

Rock & Ruck (Heltah Skeltah)

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“A equipe do Duck Down está na casa dos filhos da puta,
trazendo para você este LP Noturno (eu amo esses caras)
Noturno! O que significa viver a vida à noite, o dia está
acostumado a traçar esquemas para a noite à espreita, baby .. “

 

A faixa que abre o disco é uma apresentação do que é “Nocturnal”. São os “monstros da noite”, os que dormem durante o dia para viver nas ruas escutas do Brooklyn. É também uma amostra de todos que participaram do disco, e um jogo de palavras muito inteligente onde Ruck & Rock usam os títulos das faixas do disco nas rimas da faixa introdutória.
“Um, dois, três quatro cinco, seis e oito manos, merda!
Onde estão os meus nove milímetros?
Eu perfuro habilidades na sua mente, eu bato no seu templo, me sinto gentil
Você deve me confundir com um tipo de otário filho da puta, Pode perder a vida, porque eu sou a noite toda .. “

 

O jogo de palavras entre 6 balas, 8 manos e 9mm é só a ponta do iceberg da lírica de Sean Price. As metáforas são parte do seu arsenal inteligente de rimas, e isso fica explicito durante toda a faixa, que é como uma história de proteção entre Rock e Ruck e também uma afirmação de que, no Brooklyn, são eles quem mandam!

 

“Isto é BuckTown, em torno deste terreno eles não vagam
Porque nós os mandamos para casa com balas na cabeça
Soprado pra fora do quadro por Rock, Sr. Flipster
(Flipster é como eles se referem quando Rock e Ruck intercalam as rimas, como se fossem a mesma pessoa)
Merda do Helter Skelter, onde está o Inflixter?”
{Inflixter é o cúmplice de Rock, ou seja, Ruck)
 Undastand

“He be R-O, i be R-U .. “

Ahhhhh, Undastand! Pra mim, o ponto alto do disco, dentre tantas ótimas faixas.
Acho que é nesse som que fica evidente a química entre os dois Mc’s. Desde o refrão cantando em conjunto, as intercalações nas rimas de um mesmo verso, a entrega que o Rock apresente é simplesmente absurda, isso sem falar desse beat do Baby Paul, usando um sample de Jeanne & the Darlings, o baixo e o piano típico dos anos 90.

Assim como foi falado no começo do texto e as questões que associam o grupo aos Beatles e toda a teoria que envolve o caso da família Manson.

Outra coisa são os jogos de palavras e as metáforas, que vão ser corriqueiras e sempre analisadas por causa da inteligencia da dupla.

“Eu realmente acho que eu deveria te dizer antes que eu tenha que te amarrar,
eu faço merda!
Menino tão quente que o calor pode até mesmo sufocar, ou derreter, eu te acertei
Um mano tentou gritar, mas ele sentiu a gasolina, e agora está no inferno querendo saber quem é Heltah Skeltah .. “

É o grande single do disco, se pensarmos na construção geral.

King Sean Price, ou Ruck. Foto retirada do site Rimas e Batidas

King Sean Price, ou Ruck. Foto retirada do site Rimas e Batidas

Sean Price

“Alguns dizem que o Sean Price é mais amável no microfone
Bloco de poder que me faz mais poderoso que Isis .. “

 

Isis se refere a uma série de TV de 1977, “The Secret of ISIS”, onde a professora Andre Thomas descobre um amuleto mágico durante escavações no Egito. Esse amuleto, quando revelado, a transforma na divindade Isis. Isis usa rimas para mostrar o seu poder para todos, então Sean simplesmente diz que tem um “bloco de poder” que o faz mais poderoso que ISIS, que pode ser sua rima ou o seu próprio microfone. A título de curiosidade, a Deusa Isis é conhecida por todo o Egito como a Deusa que protege os oprimidos.

 

“Deuses quando negros não afrouxam, eles voltaram à loucura, arrebatar braços
como Jax (Boxeador do Mortal Kombat), merda!
É real e factual que o meu mental pode explodir tolos, reage como uma arma
mental e libera pedaços, fazendo o seu cérebro explodir
Tem profissionais que congelaram como sub-zero .. “

Therapy

“Tudo o que eu penso é em violência, ão importa se eu estou sóbrio ou curvado
É estranho, eu não sou louco ou pelo menos não pense assim, ou sou eu?
Você pensa assim, Doc? Sinceramente eu não sei ..
Então o que eu faço? Eu vou até minha galera e peço ajuda, mas eles não ajudam, eles passam pela mesma merda .. “

 

“Therapy” é a faixa mais melódica, e talvez com a lírica mais bonita de todo o disco. Como o próprio nome diz, é uma faixa que trás uma temática onde Rock & Ruck passam por uma terapia para lidar com o seu passado (ainda presente em 96) de violências vividas em seu bairro, no Brooklyn.

 

Voltando ao começo desse texto, Brooklyn e toda a Nova York viviam em um inferno violento, com altas taxas de criminalidade e o problema das drogas em alta. Sendo nesse ambiente que Rock & Ruck cresceram, é impossível que esses fatos não os abalassem a ponto de torna-los tão violentos, o que fica explicito na maioria de suas rimas. Mas, é interessante notar como eles, ao contrario de várias obras do Gangsta RAP, tornaram isso realmente um problema a ser combatido dentro de cada um deles. A violência, como nós que crescemos em bairros pobres do Brasil, é como um vírus que vai infectando todos, direta e indiretamente, que convivem nesse ambiente. Sendo assim, é muito difícil que as pessoas desse meio consigam ajudar umas as outras, e mesmo cm reflexões sobre a violência, ela simplesmente continua acontecendo, e é disso que Ruck & Rock falam desses versos.

 

Outro ponto interessante é como a violência é vista como forma de defesa. A vivência em locais de extrema pobreza consequentemente trazem o problema da violência, e somos desde pequenos ensinados a lidar com ela da forma mais pratica, estando preparado para o revide, para a revanche, o contra-ataque, e isso é um problema que precisa ser tratado e refletido, e é aqui onde a dupla mostra tudo isso de forma tão lírica e poética.

 

Por outro lado, fica também evidente a amizade e a parceria, seja nas brigas ou nas reflexões, e como é importante que tenhamos sempre a quem recorrer, seja quando ou onde for.

 

“Eu tenho lido seu arquivo e e cheguei a conclusão que você está destinado a ser
o melhor neste mundo de confusão. Você pode Perder quando cair vítima de maldades,
Eu sei que o crime paga, mas a rima mata hoje em dia, pegue dois desses e se
você tiver um problema, eu estou de plantão 24 horas para brigar,
palavra é vínculo .. “

 

“Buenos Dias, você me conhece como Ruck EL Numero uno
Difícil de matar como o garoto branco Hatcher
Arranco um MC pra fora do rap pelo simples fato de que ele é louco
Então, qual é o problema? Eu sinto que você não pode pisar em Sean
Chutando a bunda de negros pra fora desde Decepticons,
O plano está ligado, mas eu desejo que Mary J. Blidge me lembre .. “

 

As primeiras linhas desse verso são cantadas com um sotaque latino por Ruck, o que é muito foda. Note que usa palavras como “Buenos Dias” e “Uno”. São várias referências (pra variar!) e uma delas é sobre o contato de Rock e Ruck com a gangue Decepticons, quando Sean fala que “chuta a bunda de negros desde Decepticons” fica explicito seu envolvimento.

 

Essa gangue é originada no Brooklyn, na Brooklyn Technical High School e foi considerada a maior gangue de Nova York nos anos 80. Tanto Ruck como Rock e e os MC’s Sticky Fingaz (Onyx) e Tek & Steele (Smif n Wessun) eram membros declarados da gangue.

 

O som é praticamente todo baseado na ideia da dupla como os mais violentos e temidos, trazendo esse conceito da gangue. Como diria Rock:

 

“Você pode vaguear mas apenas não seja pego
O lugar para estar é do meu lado, Duck,
Porque você não quer ser o alvo quando eu voar com o carro, mano .. “

Soldiers Gone Psyco

Preciso fazer um adendo sobre essa faixa: A maioria dos MC’s que se dizem gangsters precisam pedir a benção pra esses caras. Esse vídeo foi gravado em 1996, num estúdio, possívelmente no processo de criação do disco. É a faixa mais violenta do disco, em todos os sentidos, e você sente a vibe em que a dupla estava na época.

 

Essa batida é cabulosa demais, me lembra bastante o estilo do Havoc, mas tem um toque a mais nela que deixa tudo mais tenebroso e obscuro. Chega ser engraçado que o sample é dessa faixa, um funky animado e bem bonita, por sinal. Coisas do Gangsta Rap!

 

Tem muita linha foda, fica até difícil escolhe re falar de todo o som, então aconselho que vejam esse vídeo e se liguem nas rimas, isso é o mais puro RAP de Nova York!
“Quando as armas latem, é guerra de verdade, garoto, não comece isso!”

Leflaur Leflah Eshkoshka

“Sim, nome desta merda aqui é “Leflaur Leflah Eshkoshka”, é o Fab 5
Sim, sim, todos vocês (sim, todos vocês) , OGC, Heltah Skeltah são os melhores
Fab 5 batendo da Costa Leste a Costa Oeste .. “

 

“Leflaur Leflah Eshkoshka” é uma das últimas faixas do disco e também uma das faixas mais importantes, pois foi o single que deu voz ao grupo, ainda na época do The Fab 5. “Leflaur Leflah Eshkoshka” significa algo como “Nossa presença é fabulosa!”.

 

A faixa reúne vários dos membros do grupo, é como um hino de exaltação ao The Fab 5 mais uma das mil histórias de crime e vivências no Brooklyn.
Particularmente eu amo esse sample, e inclusive, o produtor paulista SonoTWS também recortou essa faixa em seu som “Unread Lettrs”, que é maravilhosa!
Heltah Skeltah

Heltah Skeltah

Legado artistico, realidade permanente
Heltah é uma das maiores lendas da história do underground devido a sua qualidade lírica e entrega nas rimas. Sean Price, com sua carreira solo, seguia como um dos grandes rappers de Nova York, até que a morte o levou em 2015. Mas, o sucesso e o respeito não impediram que sua família precisasse de uma vaquinha online para seguir a vida, e isso escancara um grande problema na indústria, de forma geral. Sean vivei até o fim da sua vida em um apartamento na mesma Brooklyn onde tudo começou, amando aquele bairro que formou ele como pessoa e MC.

 

Esse mesmo Brooklyn que, apesar do avanço dos anos, de algumas poucas “políticas sociais” propostas pelo “American Dream” do capitalismo americano, não teve um progresso significativo.

 

Tanto é que, Kay Hymowitz escreveu em seu livro de 2017, O novo Brooklyn: o que é preciso para trazer uma cidade de volta”, que Brownsville era “o gueto permanente” e que apesar da gentrificação em outros bairros do Brooklyn, Brownsville continha uma “pobreza negra concentrada e multi-geracional” que fazia com que seu desenvolvimento “permanecesse estático”, apesar de todas as aparentes melhorias aparentes desde aquele sinistro 1930 e os incêndios de 1970.

 

Heltah Skeltah deixou seu nome marcado no hall dos grandes deuses do RAP, portanto, apreciem essa obra, e deixem nos comentários qual o som preferido de vocês.
Rest in peace, Sean Price!

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Fontes:
https://www.vice.com/pt_br/article/43n9n9/o-que-charles-manson-e-a-alt-right-tem-em-comum
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Marco Aurélio

Marco Aurélio

Fotografo shows sujos onde frequento, escrevo rimas que nunca vou lançar e faço pautas sobre coisas que vocês (ainda) não conhecem.