Especial: 12 Anos Sem Sabotage - 12 Curiosidades

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Morreu em janeiro de 2003 após deixar sua mulher no trabalho numa manhã. Tinha que correr pra pegar um avião para Porto Alegre (RS). Foi alvejado na rua com quatro tiros, incluindo um na cabeça. Chegou a ser reanimado no Hospital São Paulo, mas não resistiu mais do que meia hora.

Se fosse vivo, faria hoje 43 anos. Em janeiro, completamos 12 anos sem o rapper entre nós. O Raplogia traz essa singela homenagem para manter viva a memória de Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage.

Muitas das músicas que entraram no clássico “Rap É Compromisso” (2001) já existiam, em versões anteriores e menos elaboradas, desde 1998. A clássica “Um Bom Lugar” é uma delas.
Sabotage era corintiano. A experiência do seu primeiro jogo ao vivo foi transmitida no programa Summer Xperiences, em uma produção do Sindicato Paralelo. O Corinthians venceu a Ponte Preta por 1 a 0 e um dos comentários do rapper no intervalo foi “Deivid está pipocando”.
Antes de estourar, quando envolvido no crime e influente na favela, Sabotage provocava medo na população. Há relatos de um morador que o então futuro rapper aparecia em jogos de futebol com uma pistola ou um calibre 12 e dava tiros para furar a bola. Depois fazia o jogo continuar com a bola furada, se encostava no canto da quadra e ria da situação.
Durante sua vida criminosa, foi atribuído a Sabotage a autoria de um tiro que pegou em uma criança. Os médicos diziam que ela perderia os movimentos das pernas. Entretanto, a criança era portadora de paralisia infantil e já não tinha o movimento. Usava, inclusive, um skate para se locomover.
Certa vez, esperando para fazer uma entrevista para atuar no filme “O Invasor” (2001), o rapper acendeu um baseado para esperar sua vez. Isso impressionou a atriz Mariana Ximenes, que estava presente.“Você é louco! Vai fazer isso aqui?”, disse a atriz. O rapper respondeu de pronto: “Minha mãe morreu e sabia que eu fumava, então vou fazer isso aqui mesmo.”
Por atacar de ator de vez em quando, o rapper teve acesso às grandes festas do teatro e do meio artístico. Chegou de participar de algumas, mas disse em uma entrevista:”A minha realidade é outra. Tenho que me preocupar em escrever música, ensaiar, ver o que meus filhos precisam. Não posso ficar nessa vida. É muito bom, mas não quero.”
O rapper precisou de um tempo para se acostumar à fama. Certa vez, em um show no Sesc de Santro André, Sabotage foi visto no lavatório do camarim esmurrando em euforia a torneira, que jorrava água a cada soco que recebia. Perguntado pela razão do comportamento, o rapper explicou prontamente: “Eu tinha um pote assim, jão”, disse ele, mostrando com os dedos o tamanho humilde de seu pote. “Era água pra lavar o rosto e escovar os dentes. Agora nóis tem! Agora nóis tem!”.
Já famoso depois de lançar “Rap É Compromisso” (2001), o rapper recebeu uma proposta para posar nu em uma revista masculina. A oferta foi imediatamente recusada e virou alvo de piadas para os amigos.
Quando estava lutando contra a morte no hospital, uma médica quis saber se o rapper usava drogas e questionou sua mulher, presente no momento. Ela respondeu que sim, que ele usava maconha. A médica disse que devido a muita droga que ele usava o medicamento não estava funcionando. Perguntou sobre a quantidade e sua mulher confirmou que ele usava, de fato, muita maconha. A enfermeira disse: “Não, mas é muita, muita mesmo, porque já é a segunda vez que a gente deu esse medicamento e não está fazendo efeito…”
Certa vez, vendo televisão com o filho, Sabotage apontou uma repórter do Jornal Nacional e disse:“Cê vai vê, um dia essa mina ainda vai falar do pai, escreve o que eu tô te falando”. Anos depois, seu filho veria a mesma repórter confirmar a morte de seu pai em horário nobre da TV brasileira.
Depois que sua morte foi confirmada, foi informado a uma amiga pessoal de Sabotage que bandidos da Vila da Paz festejavam e soltavam rojões em um grande churrasco. O fato é curioso porque foi nessa favela que Sabotage viveu boa parte de sua vida criminosa e não deixou de criar muitos inimigos.
Depois de anos de investigação, a polícia declarou ter descoberto que dois homens mataram Sabotage daquela manhã. Um deles – o chamado Bocão – foi morto 10 dias depois do assassinato. O outro – chamado Derlei – foi preso. Segundo a polícia, ele confessou o crime em interrogatório, justificando a morte do rapper com a concorrência que ele representava para sua quadrilha na venda de drogas na favela da Vila da Paz.