A série de discos Tha Carter de Lil’ Wayne é extremamente importante. Em 2008, o terceiro volume vendeu um milhão de cópias na semana e colocou Wayne no topo do mundo – como falamos nesse artigo -, mas dessa vez o cenário é diferente: o rapper teve uma grande decadência nessa década, com projetos bem abaixo da qualidade que se é esperada. Se na década passada ele foi um dos principais artistas do cenário, nessa ele é apenas um coadjuvante muito adorado por novas estrelas que vive de poucos brilhos.
Em 2014, Weezy revelou que gostaria de sair da gravadora Cash Money Records, e pouco tempo depois, processou a mesma em 51 milhões de dólares. Uma guerra começou entre Birdman e seu antigo aliado, com resquícios violentos, como um tiroteio em 2015 contra o ônibus de Wayne, o qual ele foi acusado.
As coisas foram melhorar apenas esse ano, com Birdman cedendo junto à Cash Money, por exemplo, o contrato de Lil’ Wayne. Em Junho, o rapper conseguiu ser liberado da gravadora que ficou por mais de vinte anos, e em Agosto, os dois se juntaram no festival Lil’ WeezyAna, o qual Birdman se desculpou.
Mas e o disco?
Na noite da última quinta-feira (28), Lil’ Wayne finalmente lançou o disco Tha Carter V. O quinto volume da sua popular série de discos estava “trancado” com a Cash Money Records, e era previsto para ser lançado em 2014. O projeto tem quase uma hora e meia de duração, distribuídos em 23 músicas.
É notável que o projeto tenha sido gravado entre os últimos anos, principalmente pela musicalidade do disco, que muda bastante durante os atos. Participam do disco nomes importantes como Kendrick Lamar, Travis Scott, Nicki Minaj, Snoop Dogg e XXXTentacion, que faleceu esse ano.
No caso da música de Travis Scott, em 2014, o rapper de Astroworld havia comunicado que tinha gravado algo para o Tha Carter 5, o que faz de “Let It Fly” provavelmente uma música da época. Em “Mona Lisa” com Kendrick Lamar, que trata-se de uma aula de storytelling, não conseguimos identificar a época de gravação da música, mas K.Dot soa muito semelhante à sua época de To Pimp A Butterfly.
Grande partes das músicas soam introspectivas, com metáforas e jogos de palavras que apenas Wayne sabe fazer. É interessante nesse disco, como Lil’ Wayne fala muito sobre a fama e seu status de celebridade nos últimos anos, passando pelo auge e indo até a decadência. “Que porra é essa? Pra onde o amor foi?” rima ele na dançante “Uproar“.
Jacida Carter, mãe de Lil’ Wayne, aparece no projeto algumas vezes com monólogos emocionantes. No final da música “Used 2“, ela fala sobre o incidente que o rapper teve aos 12 anos de idade com um revólver, que disparou contra o seu peito. Por anos, a versão foi a de um tiro acidental, mas em 2016, na música “Mad” da cantora Solange, o rapper revelou que foi uma tentativa de suicídio. Cita reflete sobre o incidente.
Com poucas músicas mais “festeiras” e com bragadoccio, Wayne tem um projeto bastante conciso em mãos. Seria esse o seu último trabalho? Talvez. Ele já revelou que tem planos de aposentadoria. Nos resta aproveitar seu mais novo projeto e acompanhar as notícias.
Ouça Tha Carter 5 abaixo: