O rapper canadense lançou seu novo projeto no dia 18 de Março.
2016 foi o ano mais rentável financeiramente para Drake. O lançamento de Views, combinado com a tour Summer Sixteen permitiram ao rapper ganhos consideráveis. Criticado pela inconsistência do seu último trabalho, um álbum com altos e baixos, porém que, ao contrário dos seus outros projetos, nada de novo apresenta, o canadense lançou More Life com uma grande expectativa dos fãs e com uma grande dúvida da crítica quanto a sua capacidade de se reinventar. A grande pergunta que todos parecem fazer, inclusive o próprio artista é: o que vem depois da fama? O novo álbum, apresentado como playlist, não responde este e outros questionamentos justamente por não ter esse interesse.
Para entender o seu novo trabalho, é necessário levar em conta algumas variáveis. Views foi o primeiro álbum a alcançar 1,1 bilhão de reproduções na loja digital da Apple. One Dance foi a primeira canção a ser ouvida 1 bilhão de vezes no Spotify. Hotline Bling, lançado como single, se tornou um sucesso instantâneo. São vinte faixas que, musicalmente, mostram mais do mesmo e ficam abaixo, em termos de qualidade, das treze de Nothing Was The Same. No entanto, objetivo do álbum era consolidar o seu nome como o grande rapper do momento atual, o que é garantido pelos números e estatísticas apresentadas acima.
A sua evolução enquanto artista permitiu que, entre um breve momento, Drake estivesse presente em todos os refrões e versos das principais músicas -comerciais ou não -, com o seu toque de Midas. Ainda consagrou o seu estilo melancólico onde divaga sobre a vida de famoso e os relacionamentos complicados. Sendo assim, o que mais poderia ser feito após alcançar estabilidade financeira e ter construído uma discografia minimamente interessante?
É neste contexto que More Life se insere. Mesmo que tenha sido lançada como um álbum, o novo projeto do rapper vem sendo apresentado como uma playlist, abrindo mão da seriedade e da cobrança de um trabalho sólido e sério que se espera de um álbum propriamente dito. Isto permite que exista espaço para experimentação, passando por diferentes gêneros, grime, dancehall, R&B e também para o hip hop.
Contudo, a falta de um gênero central não permite consistência a playlist. Longo, com 1h e 20 min, More Life pode ser dividido em três etapas: um bom início com músicas leves e batidas animadas, como Passionfruit, Jorja Interlude e Get It Togheter, um meio com produções mais cruas e um final que retoma as boas composições.
Em meio a produções que deixam bastante a desejar, alguns acertos devem ser ressaltados. 4422 abre espaço para Sampha, que já esteve em Too Much e The Motion. A batida minimalista é bem escolhida para o clima intimista da canção. Teenage Fever se destaca como uma das melhores músicas pela melodia tocante e o sample de If You Had My Love, de Jeniffer Lopez, o que aumenta os rumores sobre um caso entre ambos. Em Glow, Kanye West faz uma bela aparição e rouba a cena com sua voz grave. Em outros momentos solos, como Lose You e Can’t Have Everything, temos composições mais concretas e maduras.
No entanto, o conjunto decepciona pela falta de direção e pretensão. Parece que Drake se recusa a apresentar outros trabalhos sólidos como em Nothing Was The Same. Ainda que tente se reinventar em outros gêneros é a falta de profundidade, direção e as produções fracas que podem frustrar fãs que acompanharam projetos anteriores. Se levado em conta de que se trata somente de uma playlist, não há por que reclamar. Porém é sabido que o rapper pode apresentar bem mais do que somente isso.