Perto dos seus 19 anos, o rapper da Filadélfia Meek Mill foi condenado por portar uma arma ilegal e apontá-la para um policial. Aos 20, ele foi preso por acusações de envolvimento com tráfico de drogas e posse de armas, sendo sentenciado a mais de 11 meses de cadeira pela juíza Genece Brinkley por violar a condicional da sua primeira infração. Em 2017, o rapper foi preso após mais uma violação pelo mesmo caso, quase dez anos atrás.
A violação da sua condicional no ano passado, se deu pelo fato do rapper estar empinando uma moto em um set de vídeo em Manhattan. Meek teve de voltar para a cadeia por essa pequena infração, e ele é um de muitos que sofrem com essa falha no sistema.
Já liberado e com novo álbum nas ruas, Meek Mill é uma importante peça no questionado sistema judicial norte-americano. Em Novembro do ano passado, JAY-Z deixou sua opinião bem clara em um editorial feito para o jornal The New York Times.
“Isso [a prisão de Meek] pode parecer outra história de um rapper criminoso que não evoluiu e voltou para onde ele começou. Mas considere isso: Meek tinha perto de 19 anos quando foi acusado por posse de drogas e armas, e cumpriu 8 meses de sentença. Agora ele tem 30, e esteve em condicional por basicamente toda a sua vida adulta. Por uma década inteira, ele vem sendo perseguido por um sistema que considera a menor das infrações como justificativa para colocá-lo novamente atrás das grades.”
Você pode ler o editorial completo (em inglês) clicando aqui.
Na última sexta-feira (30), o rapper esteve na CNN e conversou com o jornalista Michael Smerconish sobre sua experiência com o sistema judicial norte-americano e sobre uma reforma prisional.
“Nós estamos presos de um sistema,” diz Meek Mill.
“Existem inúmeras coisas no sistema que claramente não fazem sentido. Estão mantendo muitos jovens negros presos no sistema sem cometerem nenhum outro crime,” disse o rapper na entrevista, adicionando que elementos desse sistema estão colocando minorias como alvos.
Outro ponto extremamente relevante na entrevista foi seu próprio caso, citado acima nessa matéria.
“Cresci em uma vizinhança cruel na América, onde nós não somos protegidos pela polícia. Crescemos com pessoas vendendo drogas na frente das nossas casas. Crescemos em ambientes pesados. Crescemos em volta de assassinatos.”
Meek chegou a perguntar ao apresentador, “Se você tivesse crescido na minha vizinhança, vendo pessoas morrerem toda semana, eu acho que você iria carregar uma arma com você, certo?”
Smerconish respondeu que sim.
“Eu não ou o único que foi pego por essas coisas [sobre alegadamente apontar uma arma para policiais]. Policiais prendem pessoas com essa acusação em uma taxa alarmante. Apontar uma arma para um policial é suicídio para um jovem negro. Eu nunca pensei em cometer suicídio a minha vida toda.”
Após ter sido liberado da cadeia esse ano, Meek iria até a Casa Branca falar em um painel sobre Reforma Prisional. O rapper cancelou o evento após, segundo ele, o foco ter sido colocado em um encontro seu com Donald Trump – reza a lenda que JAY-Z interviu.
Meek está trabalhando para expor essas falhas no sistema prisional norte-americano. O rapper também está desenvolvendo com a Amazon Prime Video uma série de documentários sobre o tema. O projeto terá a produção executiva de JAY-Z, que recentemente produziu Time: The Kalief Brownder Story e Rest in Power: The Trayvon Martin Story, duas séries documentais sobre casos famosos nos EUA.
“A plantação e a prisão não são diferentes. O passado é o presente. Não tem coincidência. Esse foi o plano desde a abolição,” diz Meek Mill em um vídeo feito para seu editorial no NY Times, lançado no dia 26 de Novembro.
I’m standing with @MeekMill and his choice to fight for criminal justice #REFORM. Watch his @nytopinion op-ed on @nytimes: https://t.co/knjAsDZyWn pic.twitter.com/PwIy4bh8z4
— Yo Gotti (@YoGotti) 26 de novembro de 2018
Ele também anunciou uma espécie de programa destinado a esse objetivo, chamado #REFORM. Apoiado pela sua gravadora e agenciadora (Roc Nation), ele tem uma grande missão pela frente, transformar o sistema judicial norte-americano e acabar com as injustiças sofridas diariamente por jovens negros.