Depois de um show memorável do Illa J, que vocês acompanharam aqui e de uma entrevista com o Rapper de Detroit, Raplogia pegou o embalo e foi conferir o Original Pinheiros Style apresenta OGI / abertura: Tetriz que rolou no dia 8 de abril ali na Vila Madalena em São Paulo.
Dentre as atrações tivemos Ogi, rapper paulistano já de longa data e o TETRIZ, grupo carioca/mineiro fazendo sua primeira apresentação em SP. Ainda contamos com a discotecagem do Dj Marco (Discopédia), Mako (Pico) e Pinhel (OPS).
Nessa oportunidade ainda conseguimos conversar com o Ogi e o Matéria Prima, rapper mineiro famoso por integrar os grupos Quinto andar e Subsolo, além da sua carreira solo. Ao final do ano passado, junto com Ramiro Mart e Goribeats, formaram o TETRIZ e continuam mostrando que Essa porra não morreu.
Confere nosso papo:
Raplogia: Como o TETRIZ começou?
Materia: TETRIZ começou com uma sugestão do Goribeats (Dj do grupo). A gente tinha feito uma música pro disco do Ramiro (Ramiro Mart, MC integrante do grupo) que chama Áudio mensagem, aí no final das contas se apresentou no Manos e Minas (programa da tv cultura) e o Goribeats depois da apresentação chegou bem gangster falou “-Vamos fazer mais uma faixa pro disco” a gente não se conhecia na verdade, a gente se conheceu depois do convite pra fazer o Manos e Minas.
Raplogia: Até porque você é de minas e os dois (Ramiro Mart e Goribeats) são de Volta Redonda
Matéria: É, o Ramiro tinha me convidado pra fazer parte do Áudio Mensagem. E ai a gente veio fazer a apresentação pro disco dele depois disso o Goribeats foi e “me seduziu” falando “-Vamo fazer mais uma”, mas não de brincadeira, ele falou sério, tipo “eu acredito no bagulho, independente do quão é seletivo, do quão restrita é a cena pro tipo de som que a gente faz”. Aí ele deu esse papo e a gente começou a conversar no whatsapp. E o Goribeats tem um fluxo interminável de beat e ai mandou um… na mesma semana mandou mais outro…e ai mandou mais três. Depois mandou mais um e a caneta começou.
Aí a gente começou a entrar num fluxo absurdo de afinidade e conectividade, as coisas começaram a fluir com muita naturalidade. E a gente começou a pensar: “Não vai ser só uma música, vamo fazer um ep?” vamos, aí a gente começou.
Ramiro chegava com um verso de tarde, chegava a noite já tinha outro verso no whatsapp, aí tinha outro beat e já tinha outro verso e continuou a fazer esse fluxo a partir desse dia do que foi a gravação do manos e minas.
Raplogia: A partir do dia do Manos e Minas até a o ep pronto, foi quanto tempo de processo?
Matéria: Três meses. Outubro, novembro e dezembro… Acho que começou em setembro, outubro e a gente soltou o disco em novembro. (Oficialmente, saiu dia 30 de outubro)
Raplogia: E como vcs pensaram nas parcerias? O niLL (Sound Food Gang) anda fazendo um som mais diferente…
Matéria: …Foi a partir do Regina mesmo (albúm de estreia do niLL) surpreendentemente “refrescante” pra gente que tem essa sede de coisas diferentes e distintas na cena nacional e esse nosso trabalho dialoga demais com a intenção dele de fazer uma coisa que destaca pela diferença e ai a gente pensou nele e no Espião (Rua de Baixo | Espião e Sala 70) porque é sempre um cara que comparece de uma forma surpreendente
Raplogia: Sim, é impossível não notar ele no local
Matéria: …é, e assim e mesmo com essa circulação que faz esse ser rotulado como oldschool e tal, o cara ta aí com uma força que é inegável, ele está sempre no ápice.
Raplogia: Outro lance também é o clipe da Balança (ultima faixa do Primeira Fase), que saiu com certo tempo depois do lançamento do álbum. Foi planejado ou conforme rolou?
Matéria: A gente foi convidado pelo artista que fez a capa do Áudio Mensagem do Ramiro (Fredone) e pelo Renato Rei, outro artista de Vitória (cidade do ES), que é um grande celeiro de artistas não reconhecidos nesse Brasilzão que fode a gente que faz um bagulho diferente. Eles sugeriram que fizéssemos uma permuta, que a gente fizesse um show do TETRIZ lá em troca de um videoclipe. Aí a gente foi, pra poder fazer um primeiro videoclipe do TETRIZ, com essa permuta de fazer um clipe dirigido por ambos. Aí gravamos as cenas, não foi uma ideia pré-concebida, mas também não foi uma coisa “tamo aqui e vamo fazer” os caras já tinham um roteiro, por mais que seja minimamente pré-concebido, eles já tinham uma idéia de um roteiro. E a musica ela permite que a gente tenha imagens que fogem da ideia do clipe, é uma coisa mais solta.
(Há também o clipe da EPNM, lançado em novembro de 2017)
Raplogia: Só finalizando, sobre os sons novos e o próximo álbum (SEGUNDA FASE) alguma previsão de data para lançamento? Como vai ser trabalhado?
Matéria: Na verdade, não temos uma previsão, mas já está gravado e tem participações que ainda não posso revelar. Mas são duas participações interessantes.
E o próximo trabalho do Matéria se chama Bem Boombap, que é produzido pelo Dj Dario…
Raplogia: ..Ah, então vai ter um trabalho solo.
Matéria: Vou, que é uma ideia que surgiu num fluxo muito repentino de caneta e tal, o Dario mandou uns beats que era pra que eu fizesse uma parada com o Djonga (DV TRIBO) pro disco dele, que é o 2° impacto, mas ai que ele teve que dar uma parada no processo pra fazer outras coisas e ele quer soltar singles ao invés de lançar um álbum. Mas ele mandou uma porrada de beat pra mim e o djonga não podia fazer aí eu falei “ah, ta bom” e comecei a rabiscar, despretensiosamente, consegui fazer um projeto que seria um ep se tornar um álbum. E aproveitando de ter a oportunidade de ter beats a minha disposição, tempo livre e sem se preocupar com retorno, com participação, com a puta que o pariu que o seja, consegui fazer uma parada que me deixou bem satisfeito assim.
Raplogia: O teu solo não vai ter participação?
Matéria: Meu solo vai ter a participação do Zudzilla.
Raplogia: Continuando na sua carreira solo, o 2 atos que é um EP diferente do que você já fazia, onde você canta mais, tem mais melodia…você tem a pretensão de continuar lançando musicas assim?
Matéria: Eu quero pra caralho cantar porque eu acredito que fazer isso ser considerado dentro do contexto do rap é interessante, então quero fazer isso mais presente nas coisas que eu faço, quero fazer um disco que seja todo cantado, pra poder ser algo que vai encorpar mesmo o que é o conceito, o que é o que rap representa. Não so rima o tempo inteiro, gostei muito de ter feito esse ep no meio porque dá uma quebrada na tensão que é a mensagem, aquela metralhadora o tempo inteiro, acho que vem muito a calhar, nesses tempos que a gente vive é necessário termos essa quebra, através do canto, através da melodia e através da liberdade de não ter que sempre vincular o rap ao compromisso do protesto, acho que dá pra sublimar, estender o proposito da arte.
Galeria de imagens por João Victor e Marco Aurélio respectivamente, siga a gente nas redes sociais.
See Ya’