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Review: A$AP Ferg muda de ares com “Always Strive and Prosper”

By 6 de maio de 2016 No Comments

O segundo disco de A$AP Ferg é uma grande mistura de sons que estranhou os fãs de longa data que principalmente gostaram do antecessor, Trap Lord, pela pegada mais sombria e pesada nas batidas e nos assuntos. Always Strive and Prosper, lançado no dia 22 de Abril, é mais acessível, mas não ganha apenas elogios.

Era notável uma mudança na musicalidade de Ferg desde o lançamento de Ferg Forever, mixtape em 2014. O rapper abusou de batidas mais alegres, tendo momentos mais introspectivos dentro do trabalho. Algo que eu nunca esperava ouvir dele.

Mais maduro, o rapper prefere refletir sobre suas experiências nas ruas de uma maneira mais positiva, e nostálgica, além fazer músicas que possivelmente só irão tocar em clubes, como Hungry Ham, produção de Skrillex. Descartável ao extremo, a música não adiciona nada de positivo ao trabalho, apenas nos deixa estupidamente assustados com uma tremenda gritaria logo na primeira faixa do trabalho. Strive também decepciona, voltando-se mais a uma vertente eletrônica, o som com Missy Elliott é um uptempo que traz Ferg deslocado.

O rapper começa a ajeitar o trabalho em Psycho, um retrato do seu tio viciado, em uma história que pinta não só o retrato da vida dele, mas uma passada pela mente do mesmo. Curiosamente, esse assunto se prende em um dos bangers do disco, Let It Bang, com ScHoolboy Q. A euforia do refrão, que soa como um trap violento, mascara um pouco os dois versos dos rappers, nos quais eles retratam uma vida mais dura nas ruas. Mesmo com Lex Luger na produção, a música não é um bragadoccio desenfreado como é a próxima, New Level, com Future. Dessa vez Ferg mostra que tem poder para hits – é claro que alistar um dos rappers mais quentes do momento ajuda muito a emplacá-los.

A metade do disco não se mostra muito animadora, tento sons simples. Beautiful People volta trazer novos ares ao trabalho, nela Ferg reflete sobre a realidade da comunidade negra nos Estados Unidos. A introdução feita por Chuck D no início mostra um ar muito sério dessa canção. Em dois versos, o rapper fala sobre empoderamento, um assunto que está em pauta nos dias de hoje.

Quase todas as músicas do projeto tem um lado pessoal de Ferg envolvido. O mesmo disse em entrevista que esse seria o disco mais pessoal dele, e que ele chegou a sacrificar um relacionamento por sua arte. Parte da história pode ser ouvida em Let You Go, onde o rapper toma a perspectiva de sua namorada. Ele aborda em outras músicas suas inseguranças, World Is Mine é sobre isso. Para finalizar a parte integral do álbum, Grandma vem para falar da relação dele com a sua avó.

Always Strive and Prosper peca e muito nas escolhas musicais de Ferg. Ele tenta arriscar inúmeras musicalidades, mas se sai bem em poucas. Quase todos os refrões não funcionam como deveriam. Liricamente é um trabalho bastante surpreendente, demonstra uma maturidade e desejo por mudança em um jogo que os rappers ficam mais ignorantes pelo sucesso.

Em resumo, Always Strive and Prosper é um disco para quem tem a mente mais aberta perante a evolução da sonoridade de alguns artistas. Isso não esconde alguns dos erros do trabalho, mas é um passo de maturidade na carreira do rapper do Harlem, que ainda tem muita lenha ainda para queimar.

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Jhonatan Rodrigues

Jhonatan Rodrigues

Fundador do Raplogia em 2011. Ex-escritor do Rapevolusom e ex-Genius Brasil. Me encontre no Twitter falando sobre rap: @JhonatanakaJoe